Com agravamento da crise, barril fecha a US$ 96,37 nos EUA
Os preços do petróleo tiveram forte alta ontem com a intensificação dos conflitos na Líbia e o temor de que os protestos se espalhem por outros países produtores da região, como Irã e Arábia Saudita. Na escalada de alta, o preço do barril ultrapassou o nível de US$ 114 em Londres e chegou a US$ 99,63 em Nova York, o que não ocorria desde setembro de 2008. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex, na sigla em inglês), os contratos de petróleo bruto para abril fecharam em alta de US$ 2,66 (2,74%). A mínima foi em US$ 96,37 e a máxima em US$ 100,25. Na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres, os contratos do petróleo Brent para abril fecharam a US$ 115,42 por barril, em alta de US$ 3,62 (3,24%), com mínima em US$ 111.80 e máxima em US$ 115,56.
Segundo o analista Tom Bentz, da BNP Paribas Commodity Futures, qualquer fato relativa a turbulências na ou perto da Arábia Saudita provoca “uma grande reação” no mercado de petróleo, “especialmente num momento em que dois terços da produção da Líbia estão fora do mercado”. E a alta dos preços do petróleo colocou o mundo em estado de alerta. O presidente do Federal Reserve (o Banco Central dos EUA), Ben Bernanke, avaliou ontem que a alta recente do petróleo não deve ter grande impacto sobre a economia dos Estados Unidos, mas pode gerar um crescimento econômico mais fraco e inflação mais elevada se a onda de aumentos continuar.
A avaliação de Bernanke no Comitê Bancário do Senado norte-americano foi feita um dia depois de o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, admitir que um período longo de preços altos do petróleo, em decorrência da crise política nos países árabes, pode frear a recuperação da economia mundial. “É possível que o petróleo suba a 110 ou 120 dólares por barril e isso pode ter um efeito e afetar a velocidade da recuperação (econômica) de todo o mundo”, disse Strauss-Kahn no Panamá, na segunda-feira. “Até agora, não vemos um grande risco. Depende da duração da crise. Se a crise durar muito tempo e ocorrer um período muito prolongado de altos preços do petróleo, terá um efeito”, explicou.
PETROBRAS SEGURA GASOLINA E DIESEL
A Petrobras descarta, por ora, fazer ajuste nos preços da gasolina e do óleo diesel. O diretor Financeiro e de Relações com Investidores da estatal, Almir Barbassa, disse ontem que há um movimento especulativo agindo sobre o preço do barril. Para o executivo, a tendência é que, no médio prazo, haja um arrefecimento na cotação. “Há um impacto da especulação em cima dos acontecimentos. Isso acaba potencializando a situação do preço. Por isso, não há nada que justifique a tradução dessas variações para o mercado doméstico”, afirmou Barbassa.
No entanto, essa lógica vale só para a gasolina e o diesel. Ontem, a Petrobras reajustou em 6,52% o querosene de aviação. É a terceira alta apenas este ano e segundo o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias o aumento até agora já chega a 16,08%. A estatal confirmou o aumento, que sempre ocorre no primeiro dia de cada mês. Mas não informou o percentual de reajuste, dizendo se tratar de uma informação comercial e estratégica.