O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) retomou a venda de debêntures (papéis de dívida privada que rendem juros) da BNDESPar, seu braço de participações em empresas privadas. O banco havia feito ofertas semelhantes em 2006 e 2007.
Segundo analistas, a aplicação é uma opção de investimento para pessoas avessas ao risco da Bolsa e que buscam um retorno superior ao dos fundos de renda fixa, que seguem a variação dos juros da dívida pública, hoje em 8,75% ao ano.
O prazo para aplicação vai até quinta-feira, dia 10 deste mês. Para comprar os papéis, o investidor precisa ter conta em uma corretora de valores, como ocorre com as transações com ações e com títulos do Tesouro Direto. O investimento mínimo é de R$ 1.000 e o máximo, de R$ 500 mil.
A taxa de juros desses papéis será fixada de acordo com a demanda do mercado -quanto maior a procura, menor a taxa paga. O risco é o do próprio governo, como nos papéis do Tesouro Direto. A diferença é que se trata de um papel de dívida privada de uma empresa.
São dois tipos de debêntures: uma prefixada no momento da compra, com vencimento em 1º de janeiro de 2013, e outra com rendimento atrelado ao IPCA (índice de inflação medido pelo IBGE) mais uma taxa de juros também prefixada, que vai até 1º de janeiro de 2015.
A primeira debênture só paga os juros no dia do vencimento, e a segunda, em quatro parcelas anuais, sendo a primeira em 15 de janeiro de 2012.
A expectativa é que o papel prefixado tenha retorno anual em torno de 12,5% a 12,8%. A taxa Selic, que referencia o CDI, está hoje em 8,75% ao ano, mas o mercado acredita em aumento a partir de abril de 2010 diante do aquecimento da economia brasileira.
Para Fabio Colombo, administrador independente de investimentos, a aplicação valerá a pena se a taxa final ficar pelo menos um ponto percentual acima da de títulos semelhantes vendidos no Tesouro Direto. “É o prêmio por ser um título privado e pela liquidez baixa [dificuldade para negociar].”
Segundo Mauro Halfeld, consultor financeiro, dificilmente os papéis sairão com juros abaixo dos vendidos no Tesouro Direto. Para Halfeld, uma taxa entre 0,5 ponto e 1 ponto percentual acima da do Tesouro Direto já se torna interessante. “Diria que é o melhor investimento em renda fixa disponível hoje no mercado.”
Na última sexta-feira, o Tesouro Direto oferecia LTN (título prefixado) com vencimento em 1º de janeiro de 2012 com juros de 11,83% ao ano.
Os papéis corrigidos pelo IPCA com rendimentos mais próximos dos da debênture do BNDES são as NTNB e NTNB série especial com vencimento em 15 de abril de 2015. Esses papéis eram negociados com juros de 6,76% e 6,8% mais a variação do IPCA.
Quem não pretende ficar com o título até o vencimento poderá vendê-lo a outro investidor por meio do Bovespa Fix ou da CetipNet, o chamado mercado secundário. No caso, o papel sairá com um deságio que refletirá o juro parcial aferido no momento da venda.
Dependendo da demanda, o BNDES pode ampliar a oferta em até 35%, o que levaria à venda de R$ 1,35 bilhão. Dessa forma, os juros não ficarão muito baixos e não haverá rateio entre os investidores. Do total oferecido, o BNDES reservou 50% para pequenos investidores pessoas físicas. O restante vai para fundos de investimento.