As pressões sobre o euro decorrentes dos agudos problemas fiscais de alguns países membros da zona do euro, como a Grécia, devem continuar nos próximos três meses, o que tende a desvalorizar aquela moeda em relação ao dólar dos EUA, que na sexta-feira atingiu a marca de US$ 1,36. Essa é a avaliação de vários estrategistas de bancos internacionais. Há algumas instituições, como o BNP Paribas e ING, que estimam um movimento expressivo de queda do euro ante o dólar nos próximos meses, com a cotação chegando em dezembro a US$ 1,27 para o primeiro e US$ 1,30. Contudo, os executivos acreditam que a fuga para a qualidade dos investidores não deverá afetar o ingresso de capitais neste ano no Brasil, devido sobretudo às perspectivas favoráveis de crescimento do PIB e juros reais ao redor de 5,5%.
Para eles, o ingresso de recursos estrangeiros no País não deve ser afetado de forma expressiva e isso evitaria a desvalorização do real em relação ao dólar. As avaliações sobre o enfraquecimento gradual do euro ante o dólar, no entanto, não representam uma posição majoritária. JP Morgan, Deutsche Bank, Barclays, UBS e Nomura Securities esperam que a paridade deve favorecer a divisa europeia nos próximos trimestres e levar a cotação para entre US$ 1,40 e US$ 1,50 no último mês de 2010. Um ponto comum entre estas instituições é que a volatilidade no mercado monetário, que deve ocorrer nos próximos meses, não deve enfraquecer de forma substancial o real ante o dólar.
“O ingresso de investimentos no Brasil provavelmente deve manter o mesmo patamar registrado no ano passado. A cotação do real em relação à moeda dos EUA não deve se alterar de modo significativo, fator que não deve influenciar a alta dos índices de preços”, comentou o estrategista para a América Latina da Nomura Securities, Tony Volpon. Ele estima, ao contrário, que deve ocorrer uma apreciação nominal do câmbio até dezembro, pois a cotação deve ficar entre R$ 1,60 e R$ 1,70.
ING vê estabilidade. O estrategista-chefe para câmbio do ING, Chris Turner, acredita que, apesar de o dólar continuar seu processo de valorização perante o euro nos próximos 10 meses e o Brasil ter uma perspectiva de elevação neste ano do déficit em transações correntes, a cotação do real frente à moeda norte-americana não deve fechar o ano num patamar muito diferente do atual. “O euro deve atingir US$ 1,30 no final do ano e o câmbio no Brasil deve chegar em dezembro a R$ 1,90, como prevê a nossa economista-chefe no Brasil (Zeina Latif)”, disse.
Em 2009, o real apresentou uma apreciação de 25,36%% ante o dólar, pois a cotação variou de R$ 2,335 para R$ 1,743, mas neste ano registra uma queda de 8,43%, dado que oscilou de R$ 1,743 para R$ 1,891 apurado na sexta-feira.