O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o Brasil foi, sim, atingido com força pela crise financeira, mas que está saindo rápido dela. Segundo ele, a venda de veículos liderou o processo de retomada da economia brasileira.
“A crise atingiu forte o Brasil, embora no começo nós não esperássemos isso”, disse. “O estrago não foi tão grande por conta das medidas pontuais tomadas pelo governo, principalmente na concessão de crédito, intervenção direta no mercado de futuros e também com a redução de impostos”, completou Meirelles, durante evento em São Paulo.
Ele ressaltou que o crédito no país já retornou aos níveis pré-crise, e afirmou que, nos primeiros dias de agosto, a média diária de concessão ficou em torno dos R$ 7 bilhões. Além disso, Meirelles citou o nível de reservas internacionais no Brasil. Segundo ele, o país entrou de “colchão cheio” na crise, com US$ 222,3 bilhões de reservas.
Agora, de acordo com Meirelles, é preciso levar em conta a retomada do emprego, porque é ele que puxa a volta do crescimento. O presidente do BC citou como positivos os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de agosto, que mostrou a criação de 242.126 empregos formais no mês passado.
Meirelles afirmou ainda que está aguardando as definições que sairão da reunião de líderes do G-20, nos Estados Unidos, nesta semana. Ele ressaltou a necessidade de aumentar a supervisão de bancos de importância sistêmica para a economia.
Além disso, o presidente do BC afirmou ainda que é preciso melhorar a qualidade e consistência do capital, e que, para isso, seria importante aumentar o nível de recursos aplicados em ações.
A respeito da discussão, na reunião do G-20 financeiro, no início do mês, sobre a retirada gradual dos programas de estímulo à economia, Meirelles afirmou que, no Brasil, a discussão é legítima, já que a renda e o emprego estão crescendo e o crédito está voltando à normalidade.
No encontro, ministros e presidentes de bancos centrais concordaram que ainda não é o momento de retirar os pacotes de ajuda à economia mundial.