O risco de bolha nos preços dos ativos, levantado na quarta-feira, em São Paulo, pelo prêmio Nobel de Economia Paul Krugman, existe e afeta o mundo inteiro, não apenas os países emergentes. A análise foi feita nessa quinta-feira, em Berlim, pelo presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. Para minimizar seus riscos, disse Meirelles, o Brasil deverá adotar já em 2010 as novas recomendações do Comitê da Basileia, que votará na próxima semana uma regulação mais rígida sobre o mercado financeiro.
O temor de que uma bolha sobre os preços dos ativos esteja se formando no Brasil foi levantado por Krugman na quarta-feira. Referindo-se à euforia dos mercados financeiros em relação ao País, o professor da Universidade Princeton, nos Estados Unidos, alertou: “O Brasil está indo muito bem, mas isso não quer dizer que vá se tornar superpotência econômica no ano que vem. Os mercados, porém, estão agindo como se isso fosse ocorrer.”
Para Meirelles, o risco existe em decorrência do alto nível de liquidez da economia americana “e de outras economias”, situação que “favorece a distorção na precificação dos ativos”. “É útil e relevante todo alerta no sentido de que investidores devem prestar cada vez mais atenção e tomar cuidado na precificação de suas compras.”
O presidente do BC disse ainda que as bolhas anteriores foram fomentadas em parte pela aceitação, pelos investidores, de níveis de preços “claramente não sustentáveis”. Meirelles lembrou ainda que o sobrepreço por excesso de liquidez pode incidir sobre ativos diversos, como commodities, imóveis, bolsas de valores e taxas de câmbio. “É muito importante, porém, que esse excesso de liquidez não seja sancionado pelos países que possam ser receptáculos”, ressaltou.