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18 de abril de 2024As eleições municipais são apenas no ano que vem, mas partidos estão a menos de dois meses de formar as equipes que estarão aptas a concorrer em 2016. Em 2 de outubro, um ano antes do próximo pleito, encerra o prazo para filiação daqueles que pretendem ser candidatos a prefeito ou vereador. Legendas já estão numa movimentação intensa para se estruturar nos municípios mineiros, conquistar novos adeptos e atrair lideranças fortes. Um trabalho que vem se tornando cada vez mais difícil, pois o que os partidos têm assistido é uma saída lenta e gradual de filiados. Em Minas, 2,1 mil pessoas romperam vínculo partidário no último ano.
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de militantes no estado caiu de 1.618.279, em junho do ano passado, para 1.616.153, em junho de 2015. Num momento de cooptar nomes para as eleições do ano que vem, em vez de ganhar novos filiados, 26 das 33 legendas, o correspondente a 78%, perderam integrantes de janeiro a junho deste ano.
Ainda que discreta, a redução de 0,14% no número de filiados mineiros é sintoma da crise pela qual atravessa o país, segundo o professor emérito do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Fábio Wanderley Reis. “Não há dúvidas de que a filiação é baixa por haver pouco interesse por política. E o fato de haver queda está claramente relacionada com a crise que estamos vivendo. Há uma tendência de decepção com a política e com os políticos em geral”, afirma Reis.
O PSDB está tentando fazer do momento de descrença um combustível para aumentar o ninho tucano. Na próxima sexta-feira, a legenda vai promover o Dia Nacional de Filiação ao partido. “Estamos chamando para um novo momento da vida pública, onde o PSDB coloca a importância de se filiar como maneira objetiva de lutar contra este governo. O filiado poderá ser candidato a vereador ou a prefeito nas eleições e participar da vida partidária”, reforça o presidente estadual da legenda em Minas, o deputado federal Domingos Sávio.
A legenda, que adotou o lema “Oposição a favor do Brasil”, está numa fase de reorganização, segundo Domingos Sávio. “A crise é uma oportunidade para o PSDB resgatar a sua história, ir para a rua. Se ficarmos acomodados, vamos assistir a um definhamento das estruturas partidárias”, diz. O tucano não fala em metas de filiação, mas pretende ter comissão provisória – estrutura de representação da legenda – em todos os municípios mineiros. Atualmente, elas são cerca de 400. Lideranças estão viajando pelo estado para organizar as comissões.
Apesar da crise política que tem o PT em seu foco, o secretário de organização do partido em Minas, Luiz Mamede, afirma que isso não tem interferido nas filiações. “O momento não é peculiar, já vivemos isso em épocas anteriores, no mensalão, e, mesmo assim, saímos vitoriosos das urnas. O PT tem uma preferência pelo povo”, afirma. Os dados do TSE mostram que, de janeiro a junho, a legenda perdeu 115 filiados em Minas, onde conta com 178.781 companheiros. Mas os números do partido apontam em direção diferente.
Segundo Mamede, o PT em Minas conta hoje com 160.042 filiados – contingente que considera apenas quem fez o curso de formação política. Há ainda 2.126 pedidos de filiação em análise, além de 9.635 pessoas aguardando o curso. “O PT é plural e de massa. As filiações ocorrem espontaneamente”, afirma. Ele reforça que a intenção é, até março, concluir a formação desses 9 mil militantes. Um desafio e tanto, já que no primeiro semestre, houve apenas 155 filiações.
A formação dos militantes é uma das estratégias para 2016, além da organização de grupos de trabalho eleitorais nos municípios, voltados para a discussão do pleito. “Até outubro, definiremos nosso xadrez eleitoral (peças que contarão para montar as chapas), mas a discussão sobre a tática eleitoral não cessa em outubro”, afirma Mamede, que destaca metas como a reeleição de prefeitos e a conquista de mais prefeituras.
Partidos já estão de olho em potenciais lideranças que possam levá-los à vitória nas eleições de 2016. A dois meses do prazo para encerrar filiações de quem quer ser candidato no próximo pleito, legendas investigam nomes fortes da política nos municípios, na tentativa de arrebanhá-los. O PMDB mineiro, maior partido do estado, com 214.153 filiados, é um dos que estão à caça de líderes políticos e comunitários para se filiar à legenda.
“A partir de agora, vamos nos reunir todo sábado em regionais para estudar cada município e identificar lideranças, até mesmo prefeitos de outros partidos”, afirma o presidente estadual do PMDB, o vice-governador Antônio Andrade. O objetivo é aumentar de 128 para 200 as prefeituras sob o comando peemedebista.
Para tanto, o esforço é estruturar as comissões provisórias – representações locais do partido – nos 853 municípios de Minas. “Nenhum partido tem em 100% deles. Quando tivemos maior número, eram 640”, diz o vice-governador, que confia no aumento do número de filiados da legenda. De janeiro a junho, a queda foi de 453 integrantes. “Muitas filiações que ocorreram a partir de julho não foram encaminhadas ao TRE”, afirma.
No PSB, o levantamento tem sido minucioso. “Temos levantado o resultado da última eleição para prefeito e vereadores em várias cidades. Vamos atrás dessas pessoas e procuramos mostrar a elas que temos um projeto maior, pensando em 2016 e até em 2018”, afirma o secretário-geral do PSB em Minas, Adenor Simões. “Estamos promovendo encontros regionais para atrair a simpatia das lideranças”, completa. De acordo com Simões, além de buscar novos militantes, o PSB também está sendo procurado por interessados em compor a legenda. “Temos recebido prefeitos, vereadores, suplentes, com possibilidade de se tornarem pré-candidatos. Somos um partido que está sendo namorado por várias frentes. A simpatia pelo PSB cresceu desde o pleito presidencial”, reforça, em meio à pilha de processos para criação de comissões provisórias. “Conseguimos publicar 153 e queremos chegar a 500”, afirma.