Governo Lugo isenta as empresas de taxas para importar matérias-primas e exportar produção finalizada no país
Economia paraguaia registrou crescimento de 15% no ano passado; brasileiros aproveitam mão de obra barata
Impulsionado pelos impressionantes 15%
de crescimento do ano passado, o Paraguai se tornou um polo de empresas
“maquiladoras” na América do Sul com a adoção de um sistema que faz a
aliança de imposto mínimo e mão de obra barata.
O sistema chamado maquila, implementado há dez anos e que atingiu pico
de crescimento no ano passado, se desenvolve com os bons ventos da
economia paraguaia e tem atraído inúmeras companhias do Brasil.
Já são pelo menos 11 empresas brasileiras ou com capital nacional em
atuação no país vizinho. Desde o grupo Cambuci, responsável pela marca
esportiva Penalty, a pequenas empresas, como Quality Cotton e Mega
Plásticos, instalaram-se no Paraguai e conseguiram reduzir custos.
Inspirado no sistema de maquilas do México, que adotou o modelo em
meados da década de 90 na esteira da crise econômica que viveu naqueles
anos, o sistema paraguaio isenta as empresas de taxas para importar
matérias-primas.
Toda a produção finalizada no Paraguai deve ser exportada, com exceção
de 10%, que podem circular no mercado paraguaio. Essas são as condições
do governo para uma empresa ser maquiladora. De imposto é cobrada uma
taxa geral de somente 1%.
“O sistema tem atraído muitas empresas, mas no Brasil pegou mal o nome;
ainda há muita confusão”, diz Wagner Enis Weber, diretor-presidente do
Braspar (Centro Empresarial Brasil-Paraguai). “Mas as empresas
brasileiras que trabalham com a maquila estão satisfeitas com a redução
dos custos”, diz.
Implementado em 2001, o regime de maquila começou naquele ano com sete empresas, que exportavam o equivalente a US$ 1,2 milhão.
RECORDE
No ano passado as cifras bateram recorde: US$ 102 milhões, com 49
empresas registradas no Ministério da Indústria do Paraguai. Metade dos
bens exportados vai para países do Mercosul, a maioria para o Brasil.
Segundo dados da Braspar, empresas como Penalty, Cortinerías del
Paraguay e Quality Cotton conseguiram reduzir custos com produção em até
30%, se comparado aos valores do Brasil.
Procuradas, as companhias não quiseram falar sobre o regime de maquila.
Só Walter Gwynn, um dos diretores da Marseg, empresa paraguaia que
produz calçados e luvas de segurança para o Grupo Bertin, respondeu.
Disse que a maquila é “altamente benéfica para formar cadeias produtivas
tendo como foco principalmente o Mercosul”. O regime de maquilas
permite que uma companhia brasileira contrate uma empresa maquiladora
paraguaia, que irá produzir com sua marca e depois exportar para onde a
matriz determinar. Dessa forma, a Marseg atua para o Grupo Bertin.
Outro benefício do Paraguai é o custo trabalhista. Os encargos que
incidem sobre o salário de um funcionário são de 30% (incluindo férias,
13º e o equivalente ao INSS), enquanto no Brasil o índice chega a 110%.