O governo já recomeçou o processo de capitalização dos bancos públicos
para ampliar os incentivos ao setor produtivo em meio ao recrudescimento
da crise internacional. O Tesouro Nacional autorizou no último dia 15,
sem alarde, a emissão de R$ 15 bilhões para injetar no Bndes. Outros R$
10 bilhões devem ser levantados pelo governo federal para o banco de
fomento em janeiro. Esses recursos, previstos desde o início do ano, mas
represados, se juntarão a novas captações também para Banco do Brasil,
Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste, totalizando uma injeção de
ao menos R$ 40 bilhões nas instituições públicas.
A ideia é que
parte deste dinheiro seja usado para alavancar operações de crédito
importantes em um momento em que os mercados enfrentam incertezas diante
das dificuldades da Europa em equacionar seus problemas econômicos. A
primeira transação pode ser de apoio à Eletrobras. A estatal pretende
adquirir as ações do governo português na companhia Energias de Portugal
(EDP).
O coordenador da Dívida Pública do Tesouro Nacional, José
Franco de Morais, não precisou a data da nova emissão para o Bndes e
justificou a realização de outra operação em um prazo tão curto de tempo
pela necessidade de se diluírem riscos.
Ao divulgar os dados da
dívida pública mobiliária em novembro, Morais disse que a crise não deve
ter efeitos significativos para a administração do endividamento
federal. Pode apenas representar taxas um pouco mais altas em
determinados leilões. A dívida pública federal fechou o mês de novembro
em R$ 1,833 trilhão, contra R$ 1,806 trilhão em outubro. Do total, R$
1,752 trilhão corresponde à parcela da dívida em títulos no mercado
interno, alta de 1,15%. Já a externa estava em R$ 80,93 bilhões no mês
passado. Os resultados estão dentro do esperado pelo governo no Plano
Anual de Financiamento (PAF) para este ano.
“A crise
internacional está aí. O Brasil não está imune, mas, em termos de
gerenciamento da dívida, está. É claro que as turbulências no mercado
internacional podem afetar preços em dias de leilão, mas nada que
preocupe” afirmou Morais, lembrando que a maior parte dos papéis da
dívida brasileira está em poder de investidores nacionais.
No
ano, a dívida mobiliária já cresceu R$ 139,501 bilhões, ou 8,23% em
relação a dezembro de 2010. O aumento se deveu sobretudo à dívida
interna, que subiu R$ 148,673 bilhões no período, enquanto a dívida
externa teve uma queda de R$ 9,17 bilhões.
Só de juros nestes 11
meses de 2011 foram R$ 191,450 bilhões, o que significa que o
endividamento teria crescido ainda mais não fosse o fato de o Tesouro
ter resgatado mais títulos (R$ 51,948 bilhões) do que emitido.