Os principais estrategistas do mercado de câmbio afirmaram ontem que a melhor temporada para o dólar pode ter acabado, depois de quatro meses e 24% de valorização média frente às principais divisas do mundo.
A moeda norte-americana perdeu 5,9%, conforme análise do Índice Dollar, ponderado pelo comércio exterior, depois de se fortalecer entre julho e novembro. Neste período, investidores compraram a divisa para fugir de ativos de maior risco e quitar empréstimos cambiais contratados em regime de contenção de crédito. Desde que alcançou seu pico, em 21 de novembro, o dólar caiu em relação a todas as 16 moedas mais amplamente negociadas no mundo.
As autoridades monetárias dos EUA estão inundando o planeta com um adicional de US$ 8,5 trilhões por meio de 23 diferentes planos de socorro ao sistema financeiro. A queda mostra que o aumento da oferta de moeda pode estar sobrecarregando os investidores, ao mesmo tempo em que o governo dos EUA intensifica as vendas de títulos do Tesouro e os déficits público e da balança comercial do país crescem.
\”“O dólar vai descambar para novos recordes de baixa assim que os EUA atacarem sua moeda\”\’\’, disse John Taylor, presidente do conselho administrativo da FX Concepts, sediada em Nova York. A consultoria gerencia US$ 14,5 bilhões em contratos de câmbio.
Citigroup, Goldman Sachs , BNP Paribas e Bank of America prevêem continuidade da desvalorização da divisa norte-americana. Na semana passada, foi a primeira vez em quase um mês em que as estimativas de consenso para o dólar em relação ao euro caíram para todo o ano de 2009, segundo a mediana dos prognósticos de 47 especialistas do setor.
As especulações de que o dólar possa ter alcançado seu pico foram fortalecidas na semana passada, quando a moeda dos EUA despencou 4,9% em relação ao euro, para US$ 1,3369 – a maior retração desde a criação da moeda comum européia, em 1999. O dólar também caiu 1,75% frente ao iene.
\”Estamos num ponto de inflexão em termos da dinâmica do dólar\’\’\’\’, disse Jens Nordvig, estrategista lotado nos EUA do Goldman Sachs, o maior banco de investimentos dos EUA a converter-se num banco comercial comum. \”“A escassez de dólar foi corrigida e vamos ver as pessoas começarem a se concentrar em outras coisas, que são todas negativas para o dólar.\”