A estudante Mônica Grillo Tércio, de 18 anos, e o motorista Nivaldo Oliveira Santos, de 36, frequentam a mesma turma de um curso técnico de manutenção automotiva em Belo Horizonte, com o objetivo comum de ampliar as chances de conquistar um bom emprego. A quatro meses da formatura, eles já poderiam estar fazendo estágio em várias oficinas da cidade, que engrossam uma oferta de vagas maior que a procura de candidatos. O começo da nova vida profissional de Mônica e Nivaldo confirma a percepção de 90% dos brasileiros que veem na educação profissional uma alavanca para ampliar as oportunidades no mercado de trabalho, segundo pesquisa divulgada nessa terça-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O levantamento encomendado pela CNI ao Ibope reúne o pensamento de 2.002 pessoas com mais de 16 anos ouvidas em 143 municípios. Apesar do alto índice de avaliação positiva, só um quarto dos brasileiros frequenta ou já frenquentou cursos de educação profissional, índice considerado modesto, de acordo com o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), ligado à CNI, Rafael Lucchesi. “A pesquisa mostra que temos de abrir as portas para o ensino profissional e que não há oposição entre o ensino técnico profissional e a formação universitária”, afirma.
Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indicam que nos países mais ricos, 46% da população, ou seja quase o dobro do índice apurado no Brasil frequentam ou frequentaram cursos de educação profissional. Entre os brasileiros jovens, com idade entre 16 e 24 anos, só 6% estão matriculados em cursos de educação profissional, enquanto 18% estão no ensino superior e 15% no ensino médio.
A baixa taxa de frequência no ensino profissional esbarra em três limitadores, segundo o Ibope. Do universo da pesquisa, 40% afirmaram que falta tempo para estudar; 26% não têm dinheiro para pagar o curso e outros 22% declaram não ter interesse. O custo da educação profissional, de fato, é alto para o motorista Nivaldo Santos, que gasta cerca de um terço do salário para poder frequentar a escola., “É um investimento, mas acredito que dará bom retorno”, afirma. A princípio, ele pensa em conciliar a profissão com a nova atividade, assim que se formar no curso de manutenção automotiva, iniciado em janeiro de 2013, depois de uma concorrida seleção no Centro Automotivo do Senai de Minas Gerais, no Bairro do Horto, Zona Leste de BH.
Portas abertas “O Brasil deveria investir mais nos cursos profissionalizantes, porque eles abrem portas no mercado de trabalho”, diz Nivaldo. A estudante Mônica Grillo já não tem dúvidas disso, diante de pelo menos três propostas de estágio que já recebeu. A oportunidade de frequentar o ensino técnico foi pensada como opção de aprender a prática de uma profissão, agora aliada ao conteúdo do curso de engenharia mecânica, que ela passou a frequentar à noite. “Entender do funcionamento de um carro era um sonho de menina, que hoje posso unir à teoria na faculdade”, afirma Mõnica, ansiosa para conquistar o primeiro emprego.
Nivaldo e Mônica integram uma turma de 22 alunos do curso técnico de manutenção automotiva do Senai-MG. Maior rede de formação tecnológica para a indústria, a instituição, criada em 1942, já qualificou 61 milhões de brasileiros. Rafael Lucchesi, diretor-geral do Senai, diz que o trabalho de acompanhamento dos alunos indica que mais de 70% dos que fizeram os cursos técnicos de nível médio conseguem emprego no primeiro ano depois que concluem a formação.
A expectativa dos entrevistados pelo Ibope com relação aos salários é também positiva: 82% concordam que os profissionais com certificado de qualificação profissional têm salários maiores do que aqueles que não têm essa formação. As instituições do chamado sistema S (Senai; Senac, do comércio; Senar, do agronegócio; e Sebrae) oferecem o maior número de vagas para ensino profissionalizante no país. Cerca de 43% dos brasileiros, segundo a pesquisa do Ibope, que optaram pela formação já passaram por uma dessas entidades ou estão estudando nelas. As demais escolas privadas têm 37% dos alunos, seguidas da rede pública, com 20%. O governo federal criou em 2011 o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec) para ampliar a oferta de vagas nos cursos de educação profissional e tecnológica, disponibilizando ensino gratuito.
Disseminar boas práticas e fortalecer o relacionamento entre especialistas e interessados por inovação. Essa é ideia do Innovation Talks, evento realizado ontem em Belo Horizonte, no Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development (Seed). Na oportunidade, 90 pessoas assistiram a palestra do médico oftalmologista e diretor-presidente do Hospital de Olhos, Ricardo Guimarães e logo depois, trocaram informações, experiências e conhecimento sobre iniciativas inovadoras.
O modelo que será desenvolvido em todo o Brasil é coordenado e produzido pela Agência de Inovação & Negócios (AIN) e poderá ter temas específicos ligados à inovação. A reunião faz parte de um novo conceito de meetups, encontros informais em que as pessoas conversam de pé, facilitando a circulação e o networking e reúne organizações, governos e mercados, buscando desenvolver de forma sustentável cidades e empresas inteligentes. “A inovação só existe para quem tem resultado prático, rápido e barato com o único objetivo de melhorar a vida das pessoas. É ela que vai fazer com que o governo dê ao cidadão melhor serviço público, que as empresas consigam atender melhor seus clientes”, explica o diretor executivo da Agência de Inovação & Negócios, Ney Leal.
O Innovation Talks tem apoio institucional da Softex Nacional e da Abrasel Nacional. Para dar suporte aos eventos está sendo formado um comitê executivo de notáveis. Os membros já confirmados são Evando Mirra, doutor em Ciências pela Universidade de Paris e professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Ricardo Guimarães, médico oftalmologista e diretor-presidente do Hospital de Olhos; José Scodiero, diretor-executivo da Fast Company Brazil; e Guilherme Emrich, diretor executivo da Fir Capital.