A oposição comemorou nesta quarta-feira (26) a demissão do ministro do Esporte, Orlando Silva, e pediu uma “limpeza” na pasta. Para o líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), é preciso afastar também do ministério todas as pessoas envolvidas com o suposto esquema de desvio de verbas públicas por meio da assinatura de convênios com organização não governamentais (ONGs).
O líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), também cobrou novas medidas do governo com relação ao caso. “A saída de Orlando Silva não põe fim às irregularidades no ministério. É fundamental que todos os envolvidos na fraude sejam punidos de forma exemplar”, disse.
O pedido de demissão do ministro foi confirmado nesta tarde após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de abrir um inquérito para investigar as supostas irregularidades com recursos do programa Segundo Tempo, que incentiva a prática de esportes por crianças e adolescentes. O anúncio também foi feito após a ausência do delator do suposto esquema, o policial militar João Dias, em audiência pública na Câmara.
O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), no entanto, admitiu que não há provas da participação de Orlando Silva nas fraudes. “Ninguém o acusou claramente de ter feito algum ato de corrupção e ele terá de provar que não teve participação no esquema. A saída deveu-se à sua inviabilidade política, em razão das denúncias que envolveram sua pasta”, afirmou.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, já anunciou que, pelo menos por enquanto, um interino deverá ocupar o cargo de Orlando Silva. O líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), criticou a decisão: “Não é conveniente um ministro interino num ambiente de discussão da Copa do Mundo e das Olimpíadas, eventos esportivos que darão repercussão ao Brasil. O governo Dilma parece que ainda está provisório; quem sabe ano que vem, ele se torne um governo de fato”.
Outra expectativa é que o Ministério do Esporte continue sendo comandado pelo PCdoB, legenda de Orlando Silva. Essa medida também provocou críticas. “A alternativa de lotear ministérios, como se fossem capitanias hereditárias, não é a melhor opção. Isso provoca atos de corrupção como andamos vendo recentemente”, disse Macris.
Sem crise
Apesar da saída de Orlando Silva, que é o sexto ministro a deixar o Executivo em 11 meses, o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), afastou a possibilidade de crise. “Não podemos confundir mudança de ministro com crise de governo. O Brasil e a presidenta Dilma estão bem e são respeitados em todo o mundo; o povo apoia o governo e o País está em uma situação bastante positiva”, declarou.
Vaccarezza destacou ainda que o projeto da Lei Geral da Copa (PL 2330/11, do Executivo) será votado pela Câmara independentemente de quem esteja à frente do ministério. Além disso, segundo ele, o PCdoB ainda deve continuar sendo um “aliado importante” do governo.