A operação “lava jato” no Rio de Janeiro não foi instaurada para apurar crimes, e sim para investigar o ex-governador Sérgio Cabral (MDB). Os investigadores decidiram que o ex-governador era um criminoso e foram em busca de algo que pudesse sustentar inquéritos e processos. É o que afirma o advogado dele, Rodrigo Roca. \”Não foi para o fato, foi para o homem.\”
Esse processo transformou Cabral no culpado pela crise econômica por que passa o Rio e a sofrer todo tipo de abuso de autoridade. O maior exemplo desse tratamento, segundo Roca, ocorreu quando Cabral foi triplamente agrilhoado para ser ilegalmente transferido para um presídio em Curitiba.
“Aquela cena do Sérgio Cabral sendo arrastado pelas correntes vai me assombrar pelo resto da minha vida. Aquela foi a maior derrota profissional que eu tive. Nunca mais eu vou conseguir desfazer aquilo. Eu lamento muito que isso tenha acontecido com um ser humano e por ter sido eu o advogado desse ser humano no momento. Eu fiquei muito abalado com aquilo”, declara.
Com duas novas condenações proferidas nessa semana pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, a pena total do ex-governador chegou a 183 anos e 4 meses de prisão. Ele ainda é réu em outros 18 processos da “lava jato”. Ainda assim, o criminalista mantém a esperança e acredita que Cabral não permanecerá preso por 30 anos – o máximo que a lei brasileira permite. Para Roca, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (RJ e ES), o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal reverterão as sentenças ou, no mínimo, reduzirão as penas.
Em entrevista à ConJur, Rodrigo Roca também garantiu que Cabral não considera fazer acordo de delação premiada, criticou a banalização do instrumento na “lava jato” e atacou o papel da imprensa no caso.