O novo chanceler alemão, Olaf Scholz, desembarcou nesta sexta-feira em Paris para um almoço com o presidente francês, Emmanuel Macron, a etapa inicial de sua primeira viagem internacional, consagrada às ambições do projeto europeu.
Macron, cujo país exercerá a presidência da União Europeia (UE) no primeiro semestre de 2022, recebeu Scholz no Palácio do Eliseu. O social-democrata sucedeu esta semana Angela Merkel, que passou 16 anos como chefe de Governo da Alemanha.
Fiel a uma longa tradição iniciada após a Segunda Guerra Mundial, o novo chanceler social-democrata, de 63 anos, iniciou a primeira viagem no cargo por Paris, antes de seguir nas próximas horas para Bruxelas.
Scholz se reunirá na capital belga com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, e com os líderes das instituições da UE, Ursula von der Leyen e Charles Michel, antes da reunião de cúpula do bloco na próxima semana.
Em todos os encontros, a agenda deve abordar o avanço da pandemia de covid-19, as tensões com a Rússia na fronteira com a Ucrânia, o boicote diplomático aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim ou a mudança climático.
Depois de 16 anos de governo Merkel, que conheceu quatro presidentes franceses, Scholz pretende encarnar uma certa continuidade e proporcionar confiança aos sócios europeus.
– \”Enfoque diferente\” –
Mas o ex-vice-chanceler e ministro das Finanças não deseja ser apenas uma repetição de Merkel.
O programa de governo da coalizão de Scholz com Verdes e liberais mostra novas ambições de Berlim para a política europeia, apostando na \”evolução da UE para um Estado federal europeu\” de funcionamento descentralizado.
\”É finalmente a resposta ao discurso de Macron na Sorbonne, no qual defendeu há quatro anos uma vasta reforma europeia\”, afirma Pascale Joannin, diretora da Fundação Robert Schuman.
Na ocasião, Merkel se limitou educadamente a tomar nota dos desejos de Macron por mais integração.
\”É realmente um enfoque diferente, uma abertura da Alemanha para a França, para trabalhar na coesão de uma Europa enfraquecida pelo retrocesso do Estado de direito e o risco de marginalização geopolítica\”, opina o diretor do Instituto Franco-Alemão de Ludwigsburg, Frank Baasner.
A visita acontece um dia depois de o presidente francês definir as prioridades de sua presidência semestral da UE para alcançar \”uma Europa poderosa no mundo, plenamente soberana, livre para tomar suas próprias decisões e dona de seu destino\”.
Se a vontade de reativar as reformas europeias deve satisfazer os líderes das instituições europeias em Bruxelas, a reunião com o secretário-geral da Otan pode ter outro tom.
Por um lado, a aliança transatlântica sempre demonstrou receio ante a ideia de uma evolução de um programa de defesa a nível europeu. Por outro, o programa do governo alemão não faz menção ao objetivo da Otan de aumentar os gastos militares
Sob pressão dos Estados Unidos, Merkel se comprometeu a avançar para um volume de gastos militares de 2% do PIB por ano. A nova coalizão de governo menciona apenas o objetivo de 3% do PIB incluindo a Otan, a ajuda ao desenvolvimento e à diplomacia alemã.
Um ponto de concordância é o compromisso do novo governo alemão de mostrar mais firmeza ante regimes autoritários.