Expressões curiosas durante as sustentações orais: a denúncia como “roteiro de novela”; a cliente que é uma funcionária “mequetrefe”; e o Banco Rural como “vítima de sua transparência”…
No quarto dia de julgamento do mensalão, os advogados dos cinco réus que ontem (7) sustentaram na tribuna dedicaram as suas manifestações orais para desqualificar a denúncia do Ministério Público e apontar a falta de provas como um dos principais erros da acusação. Um deles chegou a comparar a denúncia a um roteiro de novela das 20h enquanto outro chegou a citar personagens da novela.
Falaram na primeira parte do dia os advogados de Cristiano Paz, de Rogério Tolentino e de Simone Vasconcelos; na segunda parte, os advogados de Geiza Dias e Kátia Rabello apresentam suas teses de defesa.
A maioria sustentou em suas defesas que todos os réus eram figuras menores na engrenagem do sistema com o objetivo de isentá-los da culpabilidade.
Flashes
* Na defesa de Tolentino, o advogado Paulo Sérgio Abreu e Silva comparou a denúncia da Procuradoria a um roteiro de novela das 20h. O advogado de Simone, Leonardo Yarochewsky, também citou a novela para falar da banalização das denúncias da acusação. Até a Carminha quer processar a Nina por formação de quadrilha.
* O advogado de Cristiano Paz, Castellar Guimarães Neto, abordou os prêmios recebidos por seu cliente como profissional para dizer que ele desempenhava o papel artístico de uma agência de publicidade. Para um homem de publicidade a tarefa que lhe cabe é se dedicar à sua atividade de criar, defendeu.
Ele ainda disse que seu cliente recebeu dinheiro proveniente de caixa 2 ao abordar os empréstismos que Tolentino tomou junto ao BMG. Ele me afirmou que recebia honorários da SPM&B e não contabilizava. Isso é caixa 2″.
* O advogado de Geiza dos Santos usou de argumentos curiosos para defender a sua cliente Geiza dos Santos. Ela era uma funcionária mequetrefe, de 2º ou 3º escalão, afirmou.
Palavra pouco usada, mequetrefe – segundo os dicionários – é o “indivíduo que se mete onde não é chamado; intruso, intrometido, intrujão, metediço; iltre, finório; pessoa que não merece maior consideração; joão-ninguém, pobre-diabo”.
* Por fim, José Carlos Dias fez a defesa de Kátia Rabello, do Banco Rural, dizendo que ela não sabia e não tinha a obrigação de checar todos os saques feitos em seu banco. Dias afirmou ainda que não há nada que prove que o Banco soubesse da origem do dinheiro. O Banco Rural foi vítima da sua própria transparência.