Os R$ 10 mil que o empresário Sérgio Faria tomou emprestado no
programa de microcrédito orientado, disponibilizado pela Secretaria
Municipal de Produção, Indústria e Comércio de Porto Alegre (Smic),
deram um alívio ao início de ano, que sempre chega com uma demanda mais
baixa em relação aos meses que se seguem às férias. Proprietário da
Compuweb, que atua com a venda de produtos de informática e impressão,
além de assistência técnica, Faria buscou o programa a fim de dispor de
capital de giro sem precisar recorrer ao cheque especial, modalidade que
apresenta altos juros sem possibilidade de parcelamento.
“A
iniciativa é excelente, ajuda os pequenos empresários a passar por
momentos mais difíceis ou mesmo investir na empresa e em novos
produtos”, opina o empresário. Além de reconhecer as oportunidades
geradas com o microcrédito, Faria lembra que os juros competitivos
ofertados no programa também são um importante atrativo e facilitador na
hora de optar pelo empréstimo. “Com juro de 0,64% ao mês, se torna
muito atrativo, ainda mais nessa época no ano em que se precisa de
capital de giro, é bem melhor do que utilizar o limite da conta”,
destaca.
Enquanto isso, a vendedora autônoma Laídes Camejo Moraes
pode encomendar mais peças de vestuário para comercializar aos seus
clientes e resolver algumas pendências. Há 20 anos trabalhando no ramo,
Laídes conseguiu investir mais e de maneira adequada ao aderir ao
programa. “Gostei bastante do projeto, e com os juros baixos, a gente
consegue fazer mais coisas”, afirma a vendedora. “E a orientação que
tive no momento da contratação também foi muito útil.”
No total, a
prefeitura já liberou R$ 300 mil em recursos para o programa. A
coordenadora da Divisão de Desenvolvimento da Smic, Tatiane Faleiro,
explica que o projeto concede quantias entre R$ 300,00 e R$ 15 mil, mas
que a principal característica é a orientação dos agentes de crédito
junto aos tomadores. De acordo com ela, são profissionais especialistas
em analisar itens como fluxo de caixa e finanças, a fim de liberar um
montante que não resulte em endividamento para os pequenos
empreendedores. “A figura do agente de crédito é o grande diferencial em
relação a outras instituições”, aponta a coordenadora, que acrescenta o
potencial em gerar emprego e renda como um dos propósitos do programa
de microcrédito.
Para contratar o serviço, os empreendedores
precisam de um avalista, no caso da operação realizada individualmente.
Quando os empreendimentos são coletivos, o crédito é solidário, com um
empreendedor atuando como avalista do outro. Para operacionalizar o
projeto, a Smic conta com o apoio da Agência do Crédito, entidade de
Recife (PE) que atua com a análise creditícia. Enquanto isso, a Smic
atua com a promoção do programa junto a comunidades de menor renda para
fomentar o empreendedorismo nesses locais.
Tatiane afirma que um
dos termômetros que sinalizam a aprovação e bom andamento do
microcrédito orientado são os baixos níveis de inadimplência, que
alcançam 0,5% dos empréstimos concedidos. Ela acrescenta que essa margem
é relativa a atrasos no pagamento. “Nunca tivemos perda efetiva nos
créditos, nenhum dos tomadores deixou de pagar a prefeitura, já
registramos atrasos de alguns dias, uma situação normal no mercado”,
argumenta.
Os bons resultados obtidos estão impulsionando a
ampliação do programa. A coordenadora revela que já está em análise uma
parceria com o Banrisul, que deve ser anunciada oficialmente em
fevereiro.
De
olho nas oportunidades de emprego que micro e pequenos empresários têm
potencial para gerar, o município serrano de Bento Gonçalves está em
trâmites para ingressar no Programa de Microcrédito Gaúcho. A negociação
para integrar o projeto, promovido pelo governo do Estado através da
Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sesampe), está
adiantada e deve entrar em operação após uma reunião que vai ocorrer
entre março e abril.
Entre os principais propulsores da ideia
estão a secretaria de Desenvolvimento Econômico do município o Centro da
Indústria e Comércio de Bento Gonçalves (CIC/BG). Essa é a primeira vez
que a cidade vai se integrar a um programa do gênero. “Depois dessas
reuniões, que vão ocorrer entre março e abril, a liberação dos recursos é
imediata, já que para contratação do crédito a burocracia é mínima”,
afirma o presidente da CIC/BG, Jornado Zanesco.
O Programa do
Microcrédito Gaúcho já disponibilizou R$ 4 bilhões em recursos por meio
do Banrisul, que podem ser contratados em valores que vão de R$ 100,00 a
R$ 15 mil. De acordo com Zanesco, há cerca de 1 mil pessoas no
município entre MPEs e empreendedores individuais. “Esse é um excelente
programa para trabalhar o conceito de economia solidária e desenvolver
os micro e pequenos negócios.”