O Mercosul e a União Europeia se preparam para fechar um acordo de
livre comércio em 2012. A informação é do presidente da Delegação do
Parlamento Europeu para as Relações com os Países do Mercosul, o
deputado espanhol Luis Yáñez. Ele comanda uma comitiva de 11 deputados
europeus que veio ao Brasil com objetivo duplo – discutir os termos do
acordo e verificar o ambiente para consolidar as propostas.
“Viemos transmitir às autoridades brasileiras, não só de governo, do
Parlamento, dos meios de comunicação, da indústria, do mundo acadêmico,
o que nós, europeus, pensamos sobre esse acordo e ver qual a reação do
Brasil em relação a ele”, disse Yánes, que passou os primeiros dias da
semana em Brasília e segue para o Rio de Janeiro e São Paulo.
O parlamentar europeu acrescentou que a proposta em discussão
representa um avanço sem comparações. “Vai ser o maior acordo do mundo
entre dois blocos regionais. As possibilidades são impressionantes:
multiplicação do nível de intercâmbio, geração de prosperidade e de
criação de empregos”, afirmou.
Segundo Yáñes, os europeus já têm estudos e a consciência sobre o
“alto custo” se o acordo não for firmado. Ele disse que a associação
entre os dois blocos ajudaria a própria integração do Mercosul.
Evitando mencionar as pendências que há nas relações comerciais
entre a União Europeia e o Mercosul nos campos agrícola e de produtos
industrializados, Yánez optou por citar as negociações que já avançaram.
De acordo com ele, foram acordados mais de 90% dos pontos no setor
industrial e mais de 80% no setor agrícola.
Ele admitiu, no entanto, que será necessário vencer temores para
avançar. “Da parte europeia, a França e alguns países estão muito
reticentes em fechar o acordo porque consideram que a competitividade do
Brasil e do Mercosul, em geral, no terreno da carne bovina, pode
arruinar seu próprio rebanho. Acho que é um exagero evidente e que, além
disso, há elementos de compensação”, disse.
No Mercosul, Yánez afirmou que a Argentina põe obstáculos ao acordo
de livre comércio com a União Europeia também por medo. “[A Argentina]
tem medo de que sua indústria manufatureira também se arruíne com a
entrada de produtos europeus”, afirmou.
Yáñez ressaltou, porém, que acredita nos negociadores dos dois lados
e não crê que os problemas atuais sejam inconciliáveis. “É um tipo de
negociação que não se pode prolongar indefinidamente”, afirmou.
O parlamentar lembrou que até 2004, quando as negociações para o
livre comércio entre os dois blocos foram interrompidas, houve seis anos
de discussões. “Na minha opinião, se chegou muito perto de um acordo
naquela época. Trata-se agora de consolidar essas experiências e
resolver pequenas diferenças”, acrescentou.
Na próxima semana, haverá uma nova rodada de discussões em Assunção,
no Paraguai, que ocupa a presidência do Mercosul. Yáñez disse que até
julho, quando ocorrerá outra rodada em Bruxelas, na Bélgica – sede do
Parlamento Europeu – deve haver grandes avanços. “Não se descarta que
possa ser firmado um acordo antes do fim do ano. Depois, ele tem que ser
ratificado pelo Parlamento Europeu que, em sua grande maioria, é
favorável a ele”.