O mercado de seguros teve um primeiro trimestre melhor que o esperado. Não há dados oficiais, mas as seguradoras consultadas pelo Valor afirmam que registraram crescimento no período, que varia de 8% a 30%. Redução do imposto sobre produtos industrializados (IPI) para veículos, aumento da venda de seguros para a baixa renda e projetos de infraestrutura têm puxado as vendas de seguros.
Apesar do crescimento, os executivos estão cautelosos sobre as perspectivas para o setor em 2009. Muitas apólices fechadas agora, principalmente as de grandes projetos, vinham sendo desenhadas desde antes da crise, quando a economia estava em crescimento acelerado. Números preliminares da Superintendência de Seguros Privados (Susep) indicam queda nos prêmios de 10% em janeiro, com volume de R$ 5,1 bilhões. Para o resto do ano, tudo vai depender de a economia voltar a se aquecer. O consenso dos especialistas é de uma expansão de 8%, bem abaixo dos 15% registrados em 2008.
A Chubb Seguros registrou expansão de 12% nas vendas no primeiro trimestre. Acacio Queiroz, presidente e CEO da seguradora, conta que foi montada toda uma estratégia para enfrentar esses tempos difíceis. Nesse início de ano, por exemplo, nenhum executivo da seguradora pode tirar férias e o número de visitas aos clientes aumentou. Segundo ele, surpreendeu o desempenho em algumas carteiras, como a de aviação (para jatos particulares) com expansão de mais de 100% nos prêmios, além dos seguros massificados (apólices vendidas por meio de parcerias com empresas do setor elétrico e varejo).
Entre as corretoras de seguro, também houve crescimento nas vendas. A Marsh teve expansão nos três meses do ano, com média de crescimento de 10%. Já a Aon cresceu 16% em janeiro e fevereiro.
A Liberty Seguros, que já é uma das maiores do mercado de automóveis do país, teve expansão geral de 30% nos dois primeiros meses do ano, comparados a igual período de 2008. A seguradora se animou com a redução do IPI. “Para o setor, a redução é positiva, pois estimula o aumento das vendas de carros novos, incrementando a massa segurada”, destaca o diretor de produtos da Liberty, Paulo Umeki. Segundo ele, mais de 60% dos carros zero quilômetro são segurados. O seguro de automóveis responde por 23% do setor e a previsão é de crescimento de 10%.
Queiroz, da Chubb, destaca que o preço do seguro de carro vem subindo. Em meio a enchentes pelo país afora, que aumentam os sinistros, e queda das taxas de juros, as seguradoras precisam de preços mais realistas. Segundo os dados mais recentes da Susep, a sinistralidade do setor subiu de 68%, em janeiro do ano passado, para 73% no primeiro mês deste ano. Os prêmios ficaram estáveis na casa dos R$ 980 milhões.
Outro ramo que segue aquecido é o de eventos. Com vários shows internacionais, musicais milionários, além de filmes, feiras e congressos, o setor passa por um momento de euforia. “São muitos eventos, principalmente empresariais”, diz Queiroz, que fechou mais de 900 apólices em 2008. Ontem, a Mapfre anunciou o lançamento de um seguro para eventos com 30 coberturas diferentes (que inclui cancelamento do evento, bagagens, condições climáticas adversas, instalação de equipamentos e valores arrecadados na bilheteria).