O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, conclamou os empresários brasileiros a aumentarem seus investimentos no país, afirmando que aqueles que não o fizerem, perderão mercado e oportunidades.
– Da mesma maneira que, em um certo momento, foi importante que os países fizessem o diagnóstico correto e agissem com rapidez durante a crise, na saída dela, aqueles investidores que olharem mais para as tendências e não se atrasarem no processo certamente sairão com uma fatia maior de mercado – disse o presidente do BC.
Em evento da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil, em São Paulo, Meirelles destacou os fundamentos sólidos que possibilitaram que a economia brasileira saísse da crise crescendo. Citou, entre eles, o nível das reservas internacionais, e o aumento da classe média, que aquece ainda mais o consumo interno.
Comentou também a estratégia do governo para combater os efeitos da crise no país que focou-se no restabelecimento do sistema financeiro e do crédito e, aí então, em políticas fiscal e monetária.
Para Meirelles, os dois pilares da volta do crescimento no país serão a retomada do crédito e o crescimento da massa salarial, acima de 4%.
Segundo ele, a média diária de concessão de crédito no período de janeiro a setembro de 2008 foi de R$ 7,1 bilhões. Em junho deste ano, essa média atingiu R$ 7,3 bilhões; caiu para R$ 6 bilhões em julho; e nos primeiros 28 dias de agosto ficou entre R$ 6,9 bilhões e R$ 7 bilhões, “perto do nível pré-crise”. Esses dados, segundo ele, mostram que o Brasil tem uma retomada econômica rápida.
Desafios
Meirelles observou, no entanto, que há desafios pela frente: citou a ampliação dos investimentos em infraestrutura e em capital humano, o que pode ser considerado ainda um gargalo na economia com a falta de mão de obra especializada.
Paralelamente, também animado com a saída da recessão técnica, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, prevê que ao final deste terceiro trimestre haverá movimento generalizado de retomada dos investimentos no país.
– Iniciamos uma recuperação em “V” da economia – disse Coutinho na abertura de um seminário no Rio de Janeiro. E defendeu que, no mundo pós-crise, o Brasil invista mais em inovação tecnológica, o que será o diferencial entre as economias.
Prevenção
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse terça-feira que é muito cedo para que as políticas de estímulo à economia adotadas por diversos países em meio à crise mundial sejam desativadas.
– Cada país terá o seu ritmo e os seus problemas para resolver. Mas não é o momento para sinalizarmos uma desativação das políticas de estímulo. Devemos consolidar o crescimento – disse Mantega, em entrevista à da BBC no Brasil. – Não podemos dar a mensagem para os mercados de que nós vamos começar a nos preocupar com a dívida pública, com o déficit. Alguns países podem se precipitar e anunciar a elevação da taxa de juros. Isso seria improdutivo nesse momento – disse Mantega, às vésperas da reunião de cúpula do G20, quinta-feira em Pittsburgh, nos EUA.
No encontro, chefes de Estado das 20 principais economias do planeta discutirão uma estratégia de saída para reduzir os programas de socorro adotados a partir de setembro de 2008.