Depois de anunciar ontem oficialmente sua desistência de disputar o governo de Goiás, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sinalizou que sua tendência é acatar pedido do presidente Lula e permanecer no cargo até o final do mandato do petista.
Assessores de Lula já dão como certa a permanência de Meirelles à frente do BC, apesar de ele, na nota divulgada ontem, ter reafirmado que sua posição definitiva será tomada apenas no final de março.
Recentemente, Lula voltou a conversar com Meirelles sobre seu futuro no governo. Voltou a insistir no pedido para que fique no comando do BC até o final do atual mandato, ressalvando que entenderia se ele tomasse outro caminho.
Na avaliação do presidente, só valeria a pena Meirelles deixar o cargo para ser vice de Dilma Rousseff na disputa pela Presidência -ele, por sinal, era o nome preferido de Lula para compor chapa com a ministra da Casa Civil.
O presidente avalia, porém, que não há mais tempo para construir essa composição política depois que o deputado Michel Temer (PMDB-SP) saiu fortalecido da última convenção peemedebista, quando ele foi reeleito para comandar o maior partido aliado do governo e consolidou seu nome para ser vice de Dilma Rousseff.
Restaria ainda a possibilidade de o presidente do BC sair candidato ao Senado por Goiás, mas essa alternativa não é bem-vista nem por ele. Meirelles já chegou a confidenciar a amigos que no plano federal pretendia somente ser vice de Dilma.
A decisão de divulgar nota ontem veio depois de Meirelles ser pressionado pelo PMDB de Goiás a definir se seria ou não candidato ao governo local.
Na quarta-feira, o prefeito de Goiânia, Iris Resende, também do PMDB, cobrou uma decisão de Meirelles para não dar espaço político aos adversários. O presidente do BC reafirmou ontem que só pretende definir seu futuro político no final de março, prazo final para se desincompatibilizar do cargo.
“Minhas responsabilidades no Banco Central e com a preservação do equilíbrio macroeconômico do país não permitem, todavia, a antecipação da decisão sobre meu futuro profissional”, afirmou Meirelles em nota divulgada por sua assessoria.
O presidente do Banco Central afirmou que entende a necessidade de construir agora uma candidatura no Estado. Por isso, diz a nota, decidiu “liberar o PMDB de Goiás de qualquer compromisso de dar prioridade” ao seu nome, para que o partido possa compor a chapa ao governo “imediatamente” e sem a sua participação, se julgar necessário.