O ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu aos empresários que se unam ao governo no combate à inflação. Em reunião do Grupo de Avanço da Competitividade (GAC), o ministro fez um apelo para que os empresários evitem repassar a alta dos custos para os preços. Segundo a presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Elizabeth de Carvalhaes, o ministro disse que o setor privado não deve criar repasses de preços, o que seria muito negativo porque levaria à indexação.
Ela relatou que Mantega afirmou que o governo não corre o risco de perder o controle da inflação e que, no segundo semestre, os índices voltarão para os patamares estipulados pelo governo. Mantega afirmou que reposicionar a inflação dentro da meta é um trabalho conjunto entre governo e setor privado e que, se houvesse o repasse da inflação para os preços, o setor privado estaria na contramão do governo.
O presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Conz, afirmou que a indústria tem um limite para atender ao pedido do ministro. Segundo ele, há um excessivo aumento da inflação que vem de fora e que impacta em insumos utilizados pelo setor, como plásticos e derivados do petróleo. Segundo ele, já há um embate entre a indústria e o varejo sobre o aumento de preços. Ele disse que o varejo está tentando negociar o reajuste dos preços.
Para Conz, o impacto para o consumidor num repasse de preços de material de construção será no segundo semestre. Ele disse que custos como o da energia têm crescido a todo o momento. Segundo ele, o que os integrantes do Grupo GAC querem são medidas mais rápidas como a desoneração da folha, das exportações e dos investimentos. “Estamos atrasados”, afirmou. Segundo ele, essas medidas de desoneração certamente ajudariam a evitar reajustes de preços.
Elizabeth disse que a desoneração da folha também é um dos principais focos na agenda do setor produtivo. Segundo ela, o governo prometeu apresentar uma proposta para a desoneração da folha ainda neste mês. “Essa é uma medida essencial para dar competitividade às empresas nacionais”, disse o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Têxteis (Abit), Aguinaldo Diniz Filho.
Para diminuir o impacto da desoneração sobre os cofres públicos, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) sugeriu que a diminuição dos tributos sobre a folha de pagamento seja compensada pelo aumento do PIS/Cofins. “Isso tiraria grande peso da indústria e diluiria os custos em vários outros setores da economia”, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox.
Apesar de ter apresentado a proposta, o presidente da CNI, Robson Andrade, disse que os empresários não sugeriram percentuais para a desoneração da folha e o aumento do PIS/Cofins. “Foi apresentada apenas uma ideia para ser estudada pelo governo”, declarou. Atualmente, as empresas pagam 20% da folha de pagamento como contribuição para a previdência social. O dinheiro se soma à contribuição dos empregados, que todos os meses têm descontos de 8% a 11% do salário para financiar as aposentadorias e pensões do INSS. Mantega também revelou que o governo irá reduzir a tributação do setor de energia elétrica e gás natural para diminuir os custos da produção e, desta forma, aumentar a competitividade da indústria brasileira.
Originalmente chamado de Grupo de Acompanhamento da Crise, o GAC foi criado em 2009 para reunir representantes do governo e do setor privado em discussões sobre a crise econômica. No ano passado, o grupo passou a debater entraves para o crescimento da produção, como carga tributária, juros e câmbio. Neste ano, o grupo foi rebatizado de Grupo de Avanço da Competitividade.
Investimento Estrangeiro Direto para América Latina irá crescer 25% em 2011, projeta Cepal
Os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) para a América Latina e Caribe devem crescer entre 15% e 25% em comparação a 2010, o que poderia marcar um novo recorde de fluxos, projeta a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), em relatório divulgado nesta quarta-feira pela secretária-executiva Alícia Bárcena. O IED para a região aumentou 40% no ano passado em comparação com 2009, para US$ 112,634 bilhões. O Brasil foi o maior receptor desses recursos, com US$ 48,462 bilhões – um aumento de 87% em relação ao ano anterior, quando entraram US$ 25,949 bilhões, o que marcou um recorde para o País.
Com um fluxo de US$ 17,726 bilhões, o México foi o segundo maior receptor de IED, seguido pelo Chile (US$ 15,095 bilhões), Peru (US$ 7,328 bilhões), Colômbia (US$ 6,760 bilhões) e Argentina (US$ 6,193 bilhões). A Cepal informou que os fluxos de investimento estrangeiro cresceram em todos os países da América Central, exceto em El Salvador, onde houve queda de 79%, e no Caribe, com recuo de 18%.
O relatório mostra também que também houve aumento de investimentos de empresas latinas e caribenhas no exterior, que totalizaram US$ 43,108 bilhões em 2010. “A cifra é histórica”, destaca a Cepal, revelando que o volume é quase quatro vezes maior do que em 2009 e mostra “o grande dinamismo das empresas transnacionais latinas e caribenhas”.
O relatório observa que o aumento do fluxo de recursos para a América Latina e Caribe ocorre em um contexto de queda de 7% das correntes de IED para os países desenvolvidos e de aumento de 10% para os países em desenvolvimento. “A região incrementou sua participação de 5% para 10% como receptora de IED, entre 2007 a 2010”, diz Alícia Bárcena. “Os números apontam a crescente inserção da América Latina e Caribe no processo de globalização econômica.” A secretária-executiva da Cepal alertou que a região precisa adotar políticas direcionadas para a inovação, com o objetivo de absorver melhor os benefícios destes fluxos de capital para que a região possa crescer com igualdade.