Um acordo de lideranças permitiu a transferência para quarta-feira da próxima semana (11) a decisão em Plenário sobre a entrada da Venezuela no Mercosul. O objetivo do adiamento da discussão final sobre o tema no Senado foi garantir o quórum mínimo para aprovação do protocolo de adesão, já que alguns dos líderes partidários não estão em Brasília nesta semana.
Na última quinta-feira (29), a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou, por 12 votos a 5, o protocolo de adesão do novo sócio ao bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O voto contrário à adesão da Venezuela ao Mercosul, apresentado pelo relator da matéria, senador Tasso Jereissati (PSDDB-CE), foi rejeitado por 11 votos a 6, com uma abstenção. Em seguida, foi aprovado voto em separado apresentado pelo líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).
Apesar da polêmica em torno do tema (a discussão na CCJ durou mais de três horas), Jucá mostrou-se otimista quanto à aprovação da entrada do país no bloco. Ele próprio articulou com os demais líderes a transferência do debate em Plenário para a próxima semana,
– Vamos votar e aprovar – disse à Agência Senado.
Já os representantes da oposição prevêem um debate acirrado. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), disse acreditar que o Plenário será palco de “um momento muito bonito”.
Em sua avaliação, o ingresso da Venezuela no Mercosul pode mergulhar o bloco numa crise terminal, já que os embates políticos do presidente daquele país, Hugo Chávez, com países como os Estados Unidos poderiam atravancar os interesses econômicos dos demais países-membros.
– Talvez seja o momento de recomeçarmos simplesmente como área de livre comércio, sem envolvimento político. O Mercosul não pode se tornar um ônus para o Brasil – disse.
Para a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), líder do governo no Congresso, o ingresso da Venezuela no Mercosul só fará tornar o bloco mais forte. Ela disse que a discordância de alguns parlamentares diante de questões de política interna da Venezuela não podem se sobrepor nesse momento.
– Um bloco econômico é algo que ultrapassa quem está no governo – disse a parlamentar petista.