A ministra francesa de Finanças e candidata a diretora-gerente do FMI
Christine Lagarde iniciou nesta segunda-feira sua campanha por apoio à
direção do organismo, prometendo ao Brasil que estenderá reformas para
dar mais voz aos países emergentes.
“Se eu for eleita, eu irei garantir a diversidade dos membros em
todos os níveis”, disse ela a jornalistas, após encontros com o ministro
da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do Banco Central,
Alexandre Tombini.
Segundo ela, é óbvio começar sua campanha pelo Brasil, um dos
países que tem defendido de forma mais enfática a mudança a da regra
informal que determina que a chefia do Fundo Monetário Internacional
(FMI) seja sempre ocupada por um europeu.
Num discurso aparentemente feito para seduzir o governo
brasileiro, Lagarde afirmou que, se eleita, vai estender as reformas no
organismo iniciadas por Dominique Strauss-Kahn, que tinha mandato até
2012, mas renunciou este mês após ser preso nos Estados Unidos por
acusação de crime sexual.
Segundo ela, a hipótese de um mandato tampão não foi discutida
com Mantega e o governo brasileiro não cobrou dela nenhum compromisso
específico.
Mais cedo, Mantega baixou o tom das afirmações feitas
recentemente, dizendo que ainda não há um candidato indicado pelos
países emergentes para o cargo.
“Vamos aguardar a apresentação dos candidatos e, depois de termos
a posição de todos, é que o governo brasileiro tomará posição”, disse
Mantega.
“O importante é que a instituição continue trajetória de
reformas, dando mais peso aos emergentes. O dirigente do FMI deve ser de
qualquer nacionalidade, desde que seja competente e comprometido com
agenda de reformas”, afirmou o ministro.
Tombini defendeu, em nota, a continuidade da agenda de reformas do G20.
Na quarta-feira, Mantega deve receber o candidato mexicano ao cargo, o presidente do Banco Central do país, Augustín Carstens.
O presidente do México, Felipe Calderón, vai conversar por
telefone na terça-feira com a presidente Dilma Rousseff e pedirá que ela
receba Carstens, disse à Reuters uma fonte do governo brasileiro.
Segundo a fonte, que falou sob a condição de anonimato, Dilma foi
orientada por assessores a não receber nenhum dos dois candidatos à
chefia do FMI.