Depois de anunciar sua renúncia, o presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, ameaçou nesta sexta-feira (23) recuar e retirar sua carta de demissão, submetendo-se a um processo de impeachment, horas antes de o Congresso dar posse a seu sucessor, Martín Vizcarra.
\”Inaceitável a proposta de Resolução Legislativa do Congresso que tenta apresentar uma renúncia como vacância. Se for assim, retiro minha carta e me submeto ao procedimento regular de vacância, onde exercerei meu direito de defesa\”, tuitou Kuczynski, dois dias depois de apresentar sua demissão por envolvimento em escândalos.
Inaceptable la propuesta de Resolución Legislativa del Congreso que intenta presentar como vacancia una renuncia. De ser así retiro mi carta y me someto al procedimiento regular de vacancia donde ejerceré mi derecho de defensa.
— March 23, 2018
Empresário e ex-banqueiro de 79 anos, Kuczynski reagiu assim ao vazamento de trechos de uma resolução sobre sua saída, que está sendo preparada às pressas pelo Congresso. De acordo com o texto, ele \”traiu a Pátria no desempenho dos cargos públicos\”.
Entenda como a Odebrecht e vídeos sugerindo compra de votos levaram à queda do presidente do Peru
O presidente do Congresso, o opositor Luis Galarreta, rebateu, alegando que o documento vazado é \”um rascunho\” que sequer foi aprovado pelos porta-vozes das bancadas parlamentares.
\”É um rascunho que vai ser corrigido agora na junta de porta-vozes. A resolução que será posta em votação [no plenário] não é, obviamente, a que está circulando\”, disse Galarreta em entrevista à rádio RPP.
O Congresso debateu na quinta-feira a renúncia de Kuczynski e deve votar hoje se a acolhe, ou se destitui o presidente, antes de empossar Vizcarra.
Após meses na corda bamba devido aos vínculos de empresas ligadas a ele com a construtora Odebrecht, Kuczynski jogou a toalha na quarta-feira, um dia antes de se submeter a um processo de impeachment no Congresso.
Sua saída foi precipitada pela divulgação de vídeos, insinuando que seu governo estava tentando comprar votos de congressistas para se manter no poder.