O diário britânico \”The Guardian\” voltou a criticar o posicionamento de Jair Bolsonaro em meio à pandemia do novo coronavírus, afirmando que o presidente \”está arrastando o Brasil para uma calamidade\”.
\”Bolsonaro é um dos quatro líderes mundiais que ainda subestima a ameaça do coronavírus à saúde pública, ao lado dos presidentes autoritários da Nicarágua, Bielorrússia e Turquemenistão\”, disse o trecho do texto publicado neste domingo.
O periódico citou a fala do presidente brasileiro (\”Ninguém impedirá meu direito de ir e vir\”) e lembrou que Bolsonaro descumpriu as recomendações de distanciamento de seu próprio Ministério da Saúde durante um \’passeio\’ na última sexta-feira em Brasília. Na ocasião, o chefe do executivo foi filmado limpando o nariz com parte do braço e a mão antes de apertar a mão de uma senhora idosa.
\”Especialistas em saúde pública e doenças infecciosas acreditam que esse comportamento está corroendo as únicas medidas existentes entre o Brasil – que sofreu mais de 1.000 mortes por Covid-19 – e uma calamidade na saúde\”, diz o jornal, que traz depoimento de vários especialistas e médicos.
Um deles, que pediu para não ser identificado, chamou as ações de Bolsonaro de \”infantil\” e \”surreal\”.
\”As pessoas vão ficar doentes [no Brasil] e, se ficarem doentes ao mesmo tempo, nos encontraremos na mesma situação que a Itália e Wuhan\”.
Ricardo Sobhie Diaz, especialista em doenças infecciosas da Universidade Federal de São Paulo, disse ao \”The Guardian\” que \”também há consenso de que, ao afastar o distanciamento, Bolsonaro está prejudicando sua implementação. \”Tudo o que ele diz e faz tem um impacto intenso … Muitas pessoas dizem: \’O presidente tem 65 anos e ele não tem medo – então por que deveríamos ter?\’\”, afirmou.
O Ministério da Saúde informou neste domingo que o país registrou 99 novas mortes provocadas pela COVID-19 e 1.442 novos casos da doença nas últimas 24 horas.
O número de mortes de pessoas infectadas pelo novo coronavírus chegou a 1.223 com um total de 22.169 casos. No dia anterior, eram 20.727 casos confirmados.
O Estado de São Paulo continua sendo o mais afetado, com 8.755 casos e 588 mortes, seguido por Rio de Janeiro (2.855 e 170 óbitos), Ceará (1.676 e 74 ) e Amazonas ( 1.206 e 62).