O saldo de investimentos estrangeiros diretos (IED) no mês de janeiro atingiu US$ 3 bilhões e ficou acima do esperado pelo mercado. Em fevereiro, a expectativa é de que o valor atinja recorde.
Até o dia 21, segundo estimativas do Banco Central (BC), a cifra alcançou quase US$ 7 bilhões. Até o fim do mês, deve superar essa faixa.
“A entrada vai mais do que cobrir nosso déficit em conta corrente”, afirma Rafael Bistafa, economista da consultoria Rosenberg & Associados.
O dado mede a entrada de capital estrangeiro em empresas como investimento de longo prazo. “Do ponto de vista do financiamento do nosso déficit, esse dado é bastante saudável, pois esses investimentos impulsionam a economia”.
Os investimentos vieram diversificados no mês de janeiro. Um total de US$ 549 milhões foi para obras de infraestrutura, US$ 126 milhões em petróleo e gás, US$ 123 milhões em metalurgia, e US$ 227 milhões em atividades imobiliárias.
“A partir de agosto, o Investimento Estrangeiro Direto começou a aumentar com força, e agora esse movimento continua”, aponta Bráulio Borges, economista da LCA consultores. A LCA projeta que o valor fique próximo a US$ 50 bilhões em 2011 – no ano passado atingiu US$ 48 bilhões.
Por outro lado, o déficit em conta corrente avançou 41% em janeiro, ante o mesmo mês do ano anterior, para US$ 5,4 bilhões. As despesas com viagens internacionais atingiram recorde de US$ 1,7 bilhão.
“O real valorizado e as férias de verão são a combinação perfeita para um déficit na conta turismo”, explica Borges. Com os gastos de viagens, o déficit na conta turismo atingiu US$ 1,1 bilhão.
Mas a queda no superávit comercial também contribui para o déficit. Embora a balança comercial tenha apresentado superávit de US$ 424 milhões em janeiro (ante saldo negativo de US$ 180 milhões em 2009), a projeção da LCA é de um superávit de US$ 13,7 bilhões no acumulado de 2011, praticamente a metade do ano passado (US$ 20,3 bilhões).
Mudança de carteira
De acordo com os dados do BC, janeiro foi um mês de recomposição das carteiras de estrangeiros no país.
Ao contrário do IED, o investimento estrangeiro em carteira é a entrada de capital externo em ações e renda fixa. Em janeiro, investidores saíram de ações e passaram para títulos de renda fixa.
Na comparação com janeiro do ano passado, os investimentos estrangeiros em ações caíram 46%, para US$ 676 milhões, enquanto os ingressos em renda fixa avançaram 11%, para US$ 2,7 bilhões.
Segundo os economistas, as ações brasileiras perderam atratividade diante da recuperação da economia dos Estados Unidos, que atraiu investidores para Wall Street.
Já a expectativa com a alta de juros no Brasil torna os títulos em renda fixa mais atrativos.
“O investidor compra esses títulos agora para vendê-los quando os juros começarem a cair novamente”, explica Borges. O baixo risco dos ativos brasileiros, somado ao crescimento das captações externas de empresas brasileiras, aumentou a atratividade desses investimentos.