Investigações da Polícia Federal mostram envolvimento de Demóstenes e Cachoeira

Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, e o ex-senador Demóstenes Torres conversaram 298 vezes por telefone entre fevereiro e agosto de 2011, mostrou a investigação da Polícia Federal que resultou na Operação Monte Carlo. O empresário da jogatina e o senador se falavam diariamente. À epoca, Demóstenes deu uma justificativa de cunho sentimental para a proximidade com Cachoeira, a quem chamava de “professor” nas ligações interceptadas. “A mulher do meu suplente (Wilder Pedro de Morais, agora senador no lugar dele) o deixou e passou a viver com Cachoeira. Eu e minha mulher tivemos de resolver esse problema. Por isso houve tantas ligações e encontros.”

Mas os dados da investigação mostraram que a relação ia além dos conselhos amorosos. Demóstenes ganhou do bicheiro uma cozinha importada dos Estados Unidos, com fogão e geladeira, avaliada em US$ 27 mil (R$ 58 mil). Em troca, atuaria, como parlamentar, direcionando negócios para favorecer o empresário da jogatina. A situação de Demóstenes ficou insustentável. Em votação secreta, 56 dos 80 senadores presentes à sessão votaram pela sua cassação, 19 foram contra e cinco se abstiveram. Ele se tornou o segundo senador cassado no Brasil, depois de Luiz Estevão, em 2000.

CPI A Operação Monte Carlo, que revelou um esquema de exploração de jogos ilegais e corrupção em Goiás e no Distrito Federal, foi deflagrada pela Polícia Federal e Ministério Público Federal em 29 de fevereiro de 2012. Trouxe à tona gravações telefônicas que derrubaram um senador da República, abasteceram duas CPIs (no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa de Goiás) e levaram à troca de comandos da Segurança Pública goiana. O alvo, o bicheiro Carlinhos Cachoeira, ficou preso de 29 de fevereiro a 20 de novembro do ano passado. Ele responde a diversos crimes, já tendo sido condenado por alguns.