Segundo presidente da estatal, governo pode ter 49% da empresa no futuro
Depois de mais de dois anos de estudos, a abertura de capital da estatal Infraero – que administra 67 aeroportos em todo o Brasil – começa a sair do papel. Ontem, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) abriu licitação para contratar uma consultoria que avaliará e preparará companhia para ter ações negociadas em mercado, processo que poderá ser concluído em 2010.
O presidente da Infraero, brigadeiro Cleonilson Nicácio, descartou a possibilidade de privatização, mas abriu espaço para que, “num futuro mais a longo prazo”, o governo tenha apenas 49% da empresa, mantendo, porém, o controle do conselho de administração. Ou seja, que a Infraero deixe de ser uma estatal, mas ainda seja administrada integralmente pelo governo.
– Este é um modelo bastante usado internacionalmente. Não sei se vai ser usado aqui, é uma possibilidade. Acredito que, neste momento, a abertura de capital tornará a Infraero uma empresa de economia mista (com sócios minoritários privados) – afirmou Nicácio, acrescentando que, neste primeiro momento de abertura de capital, o governo manterá pelo menos 51% da Infraero.
A abertura de capital da estatal vinha sendo debatida dentro do governo há pelo menos dois anos. Sem revelar números, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que o grande objetivo da empreitada é ampliar a capacidade de investimento da Infraero. Ele reconheceu que o momento não é o mais favorável, com os mercados fortemente afetados pela crise. Por isso não conseguiu avaliar qual o valor potencial da Infraero.
Para especialistas de mercado, não deverá ser um volume grande, já que a Infraero tem poucos ativos e terá de fazer ampla reestruturação. O que contaria, neste caso, é a capacidade de geração de caixa e lucro da empresa. Em 2008, por exemplo, a estatal registrou ganhos líquidos de cerca de R$400 milhões.
A licitação para contratar a consultoria termina dia 30 de abril e quem ganhar terá mais nove meses para concluir os estudos. O dinheiro da abertura de capital será usado para agilizar investimentos já previstos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Fundo de pensão estuda ampliar serviços para o setor
O Instituto Infraero de Seguridade Social (Infraprev), fundo de pensão da estatal, está em fase de finalização de seu estatuto social e vai nomear nas próximas semanas os membros do conselho consultivo.
O objetivo, segundo Carlos Frederico Aires Duque, diretor-superintendente da instituição, é acompanhar a mudança de cenário, com novos investidores da estatal, deixando de ter apenas um único patrocinador. Além disso, a ideia é que o Infraprev cuide da aposentadoria de funcionários de companhias do setor aéreo do país, algo nos moldes da Aerus, que contemplava aposentadorias da Varig, Vasp, Transbrasil e Air France.
– O mercado de aviação no Brasil está crescendo. E a Infraero vai se beneficiar. Com o novo estatuto, poderemos criar novos planos previdenciários e coberturas.