Reforço de R$ 200 bi contribui para dívida bruta atingir 73% do PIB
As operações de capitalização do BNDES em 2010 serão as principais responsáveis pelo aumento da dívida bruta brasileira, que fechará o ano em quase 73% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), depois de encerrar 2009 em 71,8%. A piora do indicador, no entanto, não é motivo de preocupação, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Embora analistas afirmem que o aumento do endividamento bruto é perigoso, pois pode ser olhado como um sinal de risco a longo prazo, para o ministro o mais importante é ver a qualidade da dívida.
A dívida bruta é aquela que registra todos os débitos da União, sem descontar o que ela tem de crédito a receber.
Já a dívida líquida — indicador cuja queda é o objetivo da política de superávits primários (economia para pagamento de juros da dívida) — faz esse encontro de contas. O endividamento bruto aponta a situação futura das contas públicas.
Desde janeiro de 2009, o BNDES recebeu do Tesouro Nacional um reforço de quase R$ 200 bilhões — incluindo os cerca de R$ 25 bilhões na recente triangulação da capitalização da Petrobras. Metade das operações ocorreu este ano.
Os empréstimos ao BNDES não entram na dívida líquida, pois o banco de fomento pagará ao Tesouro no futuro. Mas são registrados no endividamento bruto. Não bastasse isso, as capitalizações têm custo, pois a União levanta dinheiro emitindo títulos a alto custo (Taxa Selic, hoje a 10,75% ao ano) — mas receberá de volta uma remuneração bem mais baixa (TJLP, a 6% anuais). O diferencial engorda a dívida.
— Para combater os efeitos da crise, muitos países aumentaram seu endividamento bruto jogando dinheiro a fundo perdido para salvar bancos.
Já o Brasil aplicou recursos no BNDES para que este pudesse emprestar mais e estimular a economia. Isso tem muito mais qualidade — afirmou o ministro.
Para analista, investidores podem ser desestimulados De acordo com Mantega, a tendência é que esse endividamento volte a cair nos próximos anos, pois o governo já não precisa fazer medidas de reativação da atividade.
Mas para o diretor da consultoria NGO Câmbio, Sidnei Nehme, os investidores de longo prazo podem acabar ficando preocupados com o quadro fiscal de longo prazo caso a dívida bruta suba.
— Embora a dívida líquida fique estável (com operações como a capitalização do BNDES), os investidores sempre ficam atentos e podem ficar desanimados de trazer dinheiro para um país com um endividamento tão elevado — afirmou Nehme.
O Brasil está entre os países emergentes com dívida bruta mais elevada. Um ranking do Fundo Monetário Internacional (FMI) com 27 economias mostra que o país só perde para Hungria e Índia nesse indicador. Enquanto a dívida total do setor público brasileiro atingirá 67,2% do PIB em 2010, segundo projeções do FMI (que tem uma metodologia de cálculo diferente), a húngara chegará a 78,9% e a indiana, a 79%. Já no Chile, ela será de 4,4% do PIB e na China, de 20%. BRASÍLIA. As operações de capitalização do BNDES em 2010 serão as principais responsáveis pelo aumento da dívida bruta brasileira, que fechará o ano em quase 73% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), depois de encerrar 2009 em 71,8%. A piora do indicador, no entanto, não é motivo de preocupação, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Embora analistas afirmem que o aumento do endividamento bruto é perigoso, pois pode ser olhado como um sinal de risco a longo prazo, para o ministro o mais importante é ver a qualidade da dívida.
A dívida bruta é aquela que registra todos os débitos da União, sem descontar o que ela tem de crédito a receber.
Já a dívida líquida — indicador cuja queda é o objetivo da política de superávits primários (economia para pagamento de juros da dívida) — faz esse encontro de contas. O endividamento bruto aponta a situação futura das contas públicas.
Desde janeiro de 2009, o BNDES recebeu do Tesouro Nacional um reforço de quase R$ 200 bilhões — incluindo os cerca de R$ 25 bilhões na recente triangulação da capitalização da Petrobras. Metade das operações ocorreu este ano.
Os empréstimos ao BNDES não entram na dívida líquida, pois o banco de fomento pagará ao Tesouro no futuro. Mas são registrados no endividamento bruto. Não bastasse isso, as capitalizações têm custo, pois a União levanta dinheiro emitindo títulos a alto custo (Taxa Selic, hoje a 10,75% ao ano) — mas receberá de volta uma remuneração bem mais baixa (TJLP, a 6% anuais). O diferencial engorda a dívida.
— Para combater os efeitos da crise, muitos países aumentaram seu endividamento bruto jogando dinheiro a fundo perdido para salvar bancos.
Já o Brasil aplicou recursos no BNDES para que este pudesse emprestar mais e estimular a economia. Isso tem muito mais qualidade — afirmou o ministro.
Para analista, investidores podem ser desestimulados De acordo com Mantega, a tendência é que esse endividamento volte a cair nos próximos anos, pois o governo já não precisa fazer medidas de reativação da atividade.
Mas para o diretor da consultoria NGO Câmbio, Sidnei Nehme, os investidores de longo prazo podem acabar ficando preocupados com o quadro fiscal de longo prazo caso a dívida bruta suba.
— Embora a dívida líquida fique estável (com operações como a capitalização do BNDES), os investidores sempre ficam atentos e podem ficar desanimados de trazer dinheiro para um país com um endividamento tão elevado — afirmou Nehme.
O Brasil está entre os países emergentes com dívida bruta mais elevada. Um ranking do Fundo Monetário Internacional (FMI) com 27 economias mostra que o país só perde para Hungria e Índia nesse indicador. Enquanto a dívida total do setor público brasileiro atingirá 67,2% do PIB em 2010, segundo projeções do FMI (que tem uma metodologia de cálculo diferente), a húngara chegará a 78,9% e a indiana, a 79%. Já no Chile, ela será de 4,4% do PIB e na China, de 20%.