Um dia depois de entrar com pedido de concordata na Justiça americana, a montadora General Motors confirmou ontem que chegou a um acordo preliminar para vender a marca Hummer para a companhia chinesa Sichuan Tengzhong Heavy Industrial Machinery. Em uma entrevista ao jornal Wall Street Journal, o diretor da Hummer, Jim Taylor, afirmou que a companhia restringiu as negociações à empresa chinesa. Em comunicado, a Sichuan Tengzhong também confirmou as negociações.
Com o acordo, que está sujeito à revisão regulatória prevista para terminar no terceiro trimestre, a Tengzhong assumirá os compromissos da Hummer já firmados. Segundo Taylor, a empresa chinesa vai deixar a parte principal das operações da Hummer nos Estados Unidos, mas se comprometeu com investimentos significativos para financiar o futuro da marca e expandir sua presença internacional.
Taylor, executivo que teve papel importante no bem-sucedido esforço da GM para renovar a marca Cadillac no início da década, não quis revelar o valor da transação. Os termos financeiros ainda estão em discussão e não serão divulgados por enquanto, disse a GM. Mas bancos afirmaram que Hummer poderia precisar de pelo menos US$ 100 milhões em dinheiro para honrar compromissos. No total, acredita-se que o valor do acordo fique abaixo de US$ 500 milhões.
O Credit Suisse está prestando consultoria para a Sichuan Tengzhong, enquanto o Citigroup trabalha para a GM.
SEM EXPERIÊNCIA
A Sichuan Tengzhong é uma empresa de engenharia privada que produz máquinas pesadas e tem presença nos segmentos de veículos de uso especial, equipamentos para construção de rodovias e pontes e equipamentos para a indústria de energia, mas não tem experiência em fabricação de automóveis.
A empresa chinesa planeja continuar desenvolvendo a carteira da Hummer com mais modelos eficientes no consumo de combustível e movidos a combustíveis alternativos, um movimento que pode tornar a marca mais relevante se os preços da gasolina continuarem subindo. Mas a Tengzhong deve também ampliar a fabricação de veículos do segmento de off-road, de acordo com o comunicado divulgado.
O acordo marca a primeira vez que um comprador chinês adquire uma marca americana em dificuldades por causa da crise. Fornecedores e montadoras chinesas têm tentado comprar ativos das montadoras americanas, incluindo os da Chrysler que também entrou em concordata, mas nenhum acordo havia sido concluído até o início da noite de ontem.