O governo estuda a possibilidade de vender fatias da participação que a Infraero tem nos aeroportos concedidos à iniciativa privada. A informação é da Secretaria de Aviação Civil. A estatal administra atualmente 60 aeroportos públicos no Brasil.
Em nota, a Secretaria de Aviação disse que estuda a reestruturação da Infraero para sanear as contas da empresa e oferecer serviços de qualidade nos aeroportos que continuará administrando.
“Entre as medidas de reestruturação, está a venda de parte de sua participação nos terminais de Guarulhos, Viracopos, Galeão, Brasília e Confins, todos concedidos à iniciativa privada. A Infraero tem 49% de participação em cada um deles e não há nenhuma definição sobre esse percentual que seria vendido, porque tratam-se de aeroportos diferentes com realidades distintas umas das outras.”
Segundo a secretaria, a reengenharia da Infraero acontecerá antes da concessão dos aeroportos de Porto Alegre, Florianópolis, Salvador e Fortaleza. Esses terminais serão leiloados no 1º semestre de 2016.
A Infraero começou 2015 em situação “delicada”, correndo risco de registrar prejuízo de R$ 500 milhões, que terá que ser coberto pelo governo. Além disso, em janeiro, a estatal devia a empreiteiras que realizam obras em seus aeroportos cerca de R$ 150 milhões que deveriam ter sido pagos em dezembro de 2014.
Em janeiro, em entrevista ao G1, o presidente da estatal, Gustavo do Vale, afirmou que havia em caixa recursos para cobrir apenas as despesas administrativas da Infraero e até o final daquele mês. Para investimentos, já não havia mais dinheiro. “Custeio nós estamos dando conta, a parte administrativa nós ainda não estamos tendo problema de caixa. Mas vamos ter a partir do final de janeiro. Agora, para investimento, [o caixa] está zerado”, disse na ocasião.
Essa dificuldade de caixa da Infraero é reflexo direto dos leilões de aeroportos feitos pelo governo ao longo do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. A estatal perdeu as receitas com cinco dos maiores terminais do país: Guarulhos, Campinas, Brasília, Galeão e Confins, que hoje são administrados por concessionárias.
A Infraero é sócia das concessionárias desses 5 aeroportos e a previsão é que, depois de 2020, passe receber dividendos. Daqui até lá, porém, esses recursos devem ser totalmente reinvestidos em obras nos próprios terminais.