Os dirigentes das economias avançadas e emergentes estão cerrando fileiras em torno de planos de adotar normas mais rígidas para os mercados financeiros, a fim de prevenir mais um colapso como o que varreu boa parte de Wall Street. Uma formulação mundial da regulamentação vem ganhando impulso nos dias que antecedem a reunião do Grupo dos 20 (G20), a realizar-se em Londres no dia 2 de abril. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e seus colegas do G20 pretendem fundir seus projetos nacionais de fortalecimento da regulamentação numa frente única, que refreará os fundos de hedge, as transações com derivativos, os salários dos executivos e os excessos de risco incorridos pelas empresas financeiras.
“Há motivo para ficar otimista de que os avanços rumo a uma regulamentação mundial mais rígida começaram”, diz Daniel Price, o negociador no G20 do ex-presidente norte-americano George W. Bush e atualmente sócio principal para problemas mundiais da Sidley Austin. “Estamos começando a ver os contornos de uma convergência.” O acordo em torno de uma agenda regulatória conjunta vai revestir a reunião do G20 com certa dose de sucesso, mesmo se os dirigentes continuarem divergindo em torno de política comercial, incentivos fiscais e a situação do dólar. Uma abordagem conjunta na área de regulamentação é decisiva para evitar que os investidores selecionem os mercados dotados das regras mais permissivas, desencadeando uma corrida, num momento em que os países disputam entre si para atrair capital.
Kenneth Rogoff, da Universidade de Harvard e ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), diz que “parece virtualmente certo que daqui a uns quatro ou cinco anos o mundo terá um regulador financeiro mundial ou, mais provavelmente, um tratado sobre regulamentação financeira com uma secretaria, nos moldes da Organização Mundial do Comércio” (OMC). Mesmo assim, afirma, “nada acontecerá com rapidez”.
Fundos de hedge
Defendendo “novas regras do jogo”, o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, pretende implementar pela primeira vez a supervisão federal dos fundos de hedge, das empresas de participações e dos mercados de derivativos. Um novo regulador de risco sistêmico terá poder para obrigar as empresas a aumentarem seu capital ou reduzir sua alavancagem, e as autoridades poderão intervir nelas se elas não conseguirem. “Agora parece haver interesse comum em instaurar um regulador mundial sistêmico”, diz Stephen Roach, presidente do Morgan Stanley Asia. “Não será fácil, no entanto, que Estados Unidos e Europa cheguem a um consenso sobre quem deveria ser esse novo regulador e que tipo de mecanismo de fiscalização poderá ser empregado para dar poderes a qualquer órgão desse tipo.”