Um fundo brasileiro acaba de fechar com o Barclays Capital o primeiro swap de índice de crédito de carbono das Américas, revela Nelson Alves, vice-presidente do banco. Essa foi a forma encontrada para que o fundo pudesse comprar os créditos de forma sintética, pois estava com dificuldades para encontrar produção dos projetos reais. Com a estratégia, já comum na Europa, o investidor fica sem o risco do projeto e da entrega física do crédito de carbono.
Segundo explica Alves, o fundo queria ficar exposto aos certificados de redução de emissão de carbono, em inglês CER (Certified Emission Reduction), produzidos por projetos brasileiros nos moldes do protocolo de Kyoto e com preço registrado em reais. Nesses certificados, uma tonelada de dióxido de carbono reduzida corresponde a um crédito de carbono. A redução da emissão de outros gases que também contribuem para o efeito estufa pode ser convertida em créditos de carbono utilizando o conceito de carbono-equivalente.
O Barclays tem um índice global do mercado de crédito de carbono, o BGCI, que inclui além de Kyoto também a produção dos créditos nos moldes do acordo entre os países europeus, o European Union Emissions Trading Scheme, o mercado mais líquido do mundo. Esse índice busca servir de benchmark para o mercado internacional. Mas para o fundo brasileiro o Barclays criou um índice usando apenas os mecanismos do protocolo de Kyoto, o BGCI-CER. Esse índice teve seu valor determinado em reais e foi trocado com o investidor por meio de um contrato de swap registrado na Cetip.
Alves explica que o investidor poderia ainda, em vez de realizar o swap, se dirigir à European Climate Exchange para obter a mesma exposição em crédito de carbono brasileiro, mas teria bem mais dificuldades operacionais para acessar diretamente esse mercado secundário e teria ainda o risco cambial da conversão do real para o euro e vice-versa.
Alves explica que a estratégia do swap permite acesso indireto do investidor ao cada vez mais líquido mercado internacional. “Se o fundo achar investimento melhor e quiser sair do swap, pode fazer isso a qualquer hora em qualquer dia”, afirma.
Alves diz que os investidores têm aumentado sua demanda por crédito de carbono como uma forma de diversificação, de realização de investimentos socialmente responsáveis e também como hedge (proteção) para posições no mercado de energia, visto que o preço do crédito de carbono tende a subir quando o preço do petróleo ou do gás natural também sobe.
Segundo relatório do Banco Mundial divulgado ontem, o mercado global dos créditos para emissões de carbono dobrou de valor no ano passado, apesar da crise financeira internacional. O mercado saltou de US$ 63 bilhões em 2007 para US$ 126 bilhões em 2008, o que significa quase 12 vezes o valor negociado em 2005.
Mas os cortes de emissões efetivamente feitos e vendidos por projetos de energia limpa com registro na ONU em países em desenvolvimento caíram 30%, para 389 milhões de toneladas, ou US$ 6,5 bilhões, por causa do aperto no crédito, segundo a “Reuters. Em 2007, o valor dos projetos havia sido de US$ 7,4 bilhões.