Na reta final da campanha, candidatos da Câmara prometem recuperar autonomia da Casa
15 de janeiro de 2009Consulta ao lote da malha fina de 2004 está disponível na página da Receita
18 de janeiro de 2009A avaliação sobre o estado da economia mundial, feita pelos principais banqueiros centrais do planeta, aponta para a continuação de uma desaceleração \”significativa\” este ano e retomada do crescimento global só em 2010. Planos de estímulos que os governos têm deflagrado ao redor do mundo vão servir mais para \”frear a queda\” da atividade econômica do que para reativar a economia este ano, na visão consensual de bancos centrais.
A velocidade das mudanças nos dados das economias exige mais prudência nas projeções que vêm sendo publicadas, ainda mais que cada nova que aparece é pior que a precedente. Em suas reuniões sigilosas, esta semana, no Banco de Compensações da Basiléia (BIS), em todo caso, banqueiros centrais examinaram um cenário que projeta crescimento de 1,1% da economia mundial este ano, refletindo o mergulho das principais economias na recessão global. Em 2007, quando a economia estava a pleno vapor, a expansão global foi de 4,8%. O impacto da crise sobre os emergentes, maior do que previsto, pode reduzir o crescimento do grupo para 4,2% este ano, comparado a 8,5% em 2007.
Pode-se falar mais em apostas, porque essa expansão dos emergentes se baseia num crescimento de 8% da economia chinesa. No entanto, a expectativa entre economistas de organizações internacionais é de que o Fundo Monetário Internacional (FMI) vai cravar expansão chinesa menor, por volta dos 6%, proximamente – o que significa ainda mais fechamento de milhares de fábricas, milhões de desempregados, menos importações, mais tensão social.
Existe preocupação também com a Índia, que vinha crescendo 6%. As suspeitas são grandes de que os indianos inflam suas estatísticas de crescimento, e a queda da atividade pode ser mais importante. Sobre o Brasil, até agora o BIS prevê crescimento de 2,8% em termos reais, cifra relativamente confortável em relação aos vizinhos. A outra grande economia latino-americana, o México, está golpeada pelo vizinho americano e só cresce 0,5% no máximo. A Argentina vinha crescendo 10%, mas o BIS acha que agora não passará de 1,9% este ano, derrubando demanda de produtos brasileiros, por exemplo.
O BIS projeta déficit de US$ 27 bilhões nas contas correntes do Brasil, um pouco acima do que o mercado prevê. A deterioração na balança de pagamentos dos emergentes será generalizada. O grupo terá saldo de US$ 491 bilhões no fim deste ano, numa queda importante em relação aos US$ 695,6 bilhões do ano passado.
Alguns banqueiros centrais se mostravam mais atentos ao estado da Rússia e eventuais turbulências políticas na Venezuela, por causa do preço baixo do petróleo. Moscou fez seu orçamento considerando, na pior hipótese, o preço do barril a US$ 80 – o dobro da cotação atual. A queima de reservas tem sido importante e já começou uma aparente confrontação entre o presidente Medvedev e o primeiro-ministro Putin sobre a recuperação econômica. Na Venezuela, o preço do barril de petróleo abaixo de US$ 75 torna insustentável para o presidente da Venezuela, Hugo Chavez, manter o ritmo de seus gastos públicos. Cada queda de US$ 10 no custo do barril significa perda de US$ 8,8 bilhões para a Venezuela. Com menos dinheiro em caixa, mais turbulências no novo sócio do Mercosul não são a excluir.
Na Basiléia, tampouco passou despercebida a irritação dos representantes da Arábia Saudita. A petromonarquia não tem problemas de tesouraria. Mas reclamou que os produtores de petróleo é que estão \”subvencionando\” na prática os pacotes de estímulos feitos pelos governos, com a queda do preço da matéria-prima. Os sauditas calculam que a poupança com importação e baixa do preço para o consumidor é maior que o valor dos pacotes, que equivale a 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Pelos últimos dados, o PIB ficava em US$ 64 trilhões.
De seu lado, certos banqueiros centrais europeus conclamaram os países com excedentes em suas contas externas – China, sobretudo -, a continuarem comprando produtos europeus, para permitir uma retomada econômica – isso quando os países industrializados demonstram apetite para frear mais produtos chineses.
A Alemanha, motor da economia européia, depende enormemente de exportações e espera que o mundo volte a comprar de novo para reativar sua economia. Só que este ano a queda nas exportações alemães pode chegar a 9% em termos reais, algo gigantesco em perdas de encomendas. Uma conseqüência simbólica é que os alemães poderão perder o posto de principal exportador mundial de mercadorias. Quem pode ocupar o posto é a China, mesmo com a queda de suas vendas.
Cresce também o consenso entre autoridades monetárias sobre a necessidade de revisão do Acordo de Basiléia 2, sobre exigências mínimas de capital em proporção do risco dos ativos. Alguns banqueiros consideram o acordo inaplicável e ineficaz, como a situação dos próprios bancos dos EUA comprova na crise atual.
Para o Brasil, as regras de Basiléia 2, no atual aperto global de crédito, podem ter efeitos ainda mais negativos no fluxo do comércio global, por exemplo, em vez de aumentar a estabilidade do sistema financeiro.
Conferência ministerial na OMC
A Organização Mundial do Comércio (OMC) deve realizar uma conferência ministerial este ano, como é previsto para cada dois anos. Se será uma ministerial negociadora ou apenas regular, vai depender dos rumos que o novo presidente dos EUA, Barack Obama, tomará.
O novo representante comercial americano, Ron Kirk, não deu indicações ainda da futura política comercial americana. Chama mais a atenção pelo estilo nas discussões. Fino político, ao invés de ficar falando de cifras, ele prefere comentar casos concretos. Uma de suas histórias preferidas é como pequenos comerciantes de Dallas, sua cidade no Texas, teriam aumentado suas exportações para o México graças ao Nafta (o acordo entre EUA, México e Canadá).
