Seis meses não foram suficientes para minimizar a perturbação provocada pela crise econômica mundial, desde o pedido de concordata do centenário Lehman Brothers, já que ninguém esperava que os Estados Unidos deixassem um dos seus ícones sucumbir. O que era uma crise de crédito se agravou, virando uma crise de liquidez, deteriorando a situação dos que já estavam mal. Daí seguiram-se outras derrocadas e o mundo viu que Wall Street estava ruindo.
De lá para cá, o mundo mudou sensivelmente para um patamar bem abaixo que, no entanto, poucos se arriscam a quantificar. Prejuízos e baixas contábeis dos bancos já beiram os US$ 2,2 trilhões, conforme números do Fundo Monetário Internacional (FMI), que estão sendo sempre revistos. Em abril de 2008, o FMI estimava em pouco mais de US$ 900 bilhões. Muitos dizem que boa parte do que existe de títulos podres ou tóxicos, como são denominados informalmente os papéis que possibilitaram a grande alavancagem das instituições, ainda não veio a público.
Na ponta do lápis, sabe-se que apenas US$ 1 trilhão, dos US$ 3 trilhões do mercado imobiliário de alto risco dos Estados Unidos, que lastreava a maioria dos títulos, já foi baixado como perdas. Relatório recente do Banco de Desenvolvimento da Ásia mostra que o valor dos ativos financeiros mundiais pode ter sido reduzido em mais de US$ 50 trilhões em 2008, equivalente a um PIB mundial. Na América Latina caiu cerca de US$ 2,1 trilhões. As bolsas globais perderam cerca de US$ 28,7 trilhões.