Os trabalhadores que destinaram recursos do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) para as ações da Petrobras tiveram o melhor
retorno financeiro de janeiro. Os fundos renderam 17,49% até o dia 26 do
mês, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados
Financeiros e de Capitais (Anbima). Os especialistas apontam dois
fatores para explicar os ganhos: o anúncio da troca de comando da
companhia e o retorno de investidores estrangeiros à Bolsa de Valores de
São Paulo (Bovespa).
Segundo a BM&FBovespa, os investidores
estrangeiros aplicaram R$ 6,5 bilhões (saldo líquido entre compras e
vendas) no mercado brasileiro de ações em janeiro, movidos por um clima
mais ameno da crise europeia e dados melhores da economia americana.
Esse foi o motor da alta das ações da Petrobras no começo do mês.
A
valorização da Petrobras acabou ganhando novo fôlego após o anúncio de
troca de comando na companhia. O atual presidente da Petrobras, José
Sérgio Gabrielli, vai deixar a empresa em fevereiro. Em seu lugar,
assume Maria das Graças Foster, atual diretora de Gás e Energia. Graça
Foster, como é conhecida, teria um perfil mais técnico do que Gabrielli,
que deve seguir carreira política na Bahia.
Com as notícias, as
ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras encerraram o mês com uma
valorização de 15,41%. Foi o melhor desempenho do papel desde maio de
2009, quando se valorizaram 16,62%.
Mas a volta dos investidores
não beneficiou apenas as ações da Petrobras. Os investidores que têm
cotas do FGTS/Vale acumularam em janeiro, até o dia 27, um rendimento de
8,95%, segundo dados da Anbima. O desempenho ficou abaixo, no entanto,
de fundos de ações que buscam acompanhar as oscilações do Ibovespa,
principal índice da Bolsa. Esses fundos renderam 10,6% no mês.
Já a
pior aplicação financeira do período foi o dólar. Os fundos cambiais
registram no mês uma perda de 6,57%. Isto é efeito da desvalorização da
moeda americana no período. Especialistas explicam que a aplicação
recuperaria as perdas apenas com uma piora do cenário externo, o que
provocaria uma busca pela moeda e sua valorização, considerada um ativo
seguro em tempos de turbulência.
No mercado de juros, o corte da
taxa Selic nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom),
para 10,50% em janeiro, voltou a influenciar os rendimentos da
indústria. Os fundos de renda fixa, que investem em títulos prefixados
(os mais recomendados em tempos de baixa da Selic) renderam 0,840% em
janeiro até o dia 26. Eles superaram assim o retorno dos fundos DI
(pós-fixados, que ganham na alta da taxa), que remuneraram os
investidores em 0,79% no mês.
Já os fundos multimercado
multiestratégia, que podem aplicar recursos no câmbio, Bolsa e juros,
além de outras aplicações sofisticadas, tiveram na média um desempenho
intermediário, com ganhos de 1,98% no mês.