Apesar de o Banco Central (BC) ter elevado
para 5,8% a estimativa de inflação neste ano, o Ministério da Fazenda
não acompanhou o movimento. Segundo publicação divulgada hoje (4) pelo
ministério, a previsão do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
para 2011 foi mantida em 5,6%.
O número consta da edição de março e abril de Economia Brasileira em Perspectiva,
boletim divulgado a cada dois meses pela Fazenda. O ministério também
diverge do Banco Central em relação à inflação para o próximo ano.
Segundo a publicação, o IPCA deverá fechar 2012 em 4,6%, contra projeção
de 4,8% divulgada pelo BC no Relatório de Inflação.
Inicialmente, o ministério tinhadivulgado que a inflação no próximo ano
ficaria em 4,5%. No início da noite, a assessoria corrigiu a
informação.
De acordo com a Fazenda, um dos principais fatores que ajudarão a
conter a inflação será o “arrefecimento” nos próximos meses dos preços
que mais contribuíram para elevá-la no início do ano: despesas pessoais,
alimentação, educação e vestuário. “As altas de grande parte desses
preços tendem a arrefecer nos próximos meses, contribuindo para que a
inflação atinja o centro da meta de 4,5% até o final de 2012”, informou a
publicação.
Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Fazenda informou
que não diverge do Banco Central. Segundo o ministério, as estimativas
para o IPCA constam do Relatório de Inflação divulgado em março e todos
os números são originários da autoridade monetária.
O boletim também destacou que o etanol contribuirá para a queda da
inflação. “Uma das principais fontes de pressão sobre a inflação recente
no Brasil, os preços do etanol convergem em direção ao patamar mais
baixo registrado no ano passado”, destacou o ministério. Os preços do
etanol hidratado recuaram 28% em maio, o que, segundo a Fazenda, deve
contribuir para a queda da inflação nos próximos meses.
Na edição anterior do boletim, publicado no início de março, as
previsões para o IPCA tinham sido de 5,6% para este ano e de 4,6% para
2012. As demais projeções foram mantidas. As estimativas de alta do
Produto Interno Bruto (PIB) ficaram em 4,5% em 2011, 5% em 2012 e 5,5%
em 2013 e 2014. Segundo a Fazenda, o ano fechará com superávit primário
(economia para pagar os juros da dívida) de 3% do PIB e déficit nominal
(rombo nas contas depois do pagamento dos juros da dívida) de 1,5% do
PIB.
Em relação à evolução do crédito, a publicação informa que as medidas
macroprudenciais (contenção de crédito para impedir a inflação provocada
pelo excesso de demanda) adotadas no fim do ano passado pelo Banco
Central estabilizaram a concessão de empréstimos às pessoas físicas em
torno de R$ 700 milhões por dia. O endividamento das famílias caiu de
39,3% da renda em dezembro para 36,6% no fim de março. Em contrapartida,
a proporção do salário comprometida com prestações subiu de 21,5% para
26,3% no período.