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18 de abril de 2024Os Estados Unidos inauguraram sua embaixada em Jerusalém nesta segunda-feira (14), dia em que o Estado de Israel completa 70 anos e em que confrontos na fronteira com a Faixa de Gaza deixaram dezenas de mortos.
Os palestinos protestam na fronteira desde o dia 30 de março, na chamada Grande Marcha do Retorno, que evoca o direito dos palestinos de voltarem para os locais de onde foram removidos após a criação do Estado de Israel, em 1948. Nesta segunda, ainda protestam contra a inauguração da representação diplomática dos EUA em Jerusalém. Até as 11h30, pela hora de Brasília, havia 41 mortos, segundo informou o Ministério da Saúde palestino ao jornal \”Haaretz\”. A mesma publicação israelense estimava os feridos em cerca de 1600, mais de 700 por armas de fogo.
Também houve protestos do lado de fora do prédio em que passa a funcionar a embaixada americana. A polícia tentou conter e afastar os manifestantes. Uma pessoa foi detida, de acordo com a agência France Presse.
A cerimônia de abertura foi conduzida pelo embaixador americano em Israel, David Friedman.
Em uma mensagem gravada em vídeo, o presidente Donald Trump disse que era necessário \”admitir o óbvio\”: que a capital de Israel é Jesusalém. Também afirmou que os EUA estão comprometidos com a paz na região.
\”Os EUA continuam totalmente comprometidos em facilitar um acordo de paz duradouro. Os EUA sempre serão um grande amigo de Israel e um parceiro na causa da liberdade e da paz\”, disse Trump.
O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, disse que estava \”profundamente emocionado e profundamente grato\”.
\”Que dia glorioso. Lembrem este dia. Que dia histórico!\”, afirmou.
\”Este é um momento histórico. Presidente Trump, ao reconhecer o que pertence à história, você fez história\”, disse Netanyahu.
Entre as personalidades israelenses também estavam presentes o presidente de Israel, Reuven Rivlin, e o prefeito de Jerusalém, Nir Barkat. Entre a delegação americana, Ivanka Trump e Jared Kushner, filha e genro e conselheiros do presidente americano, e Steven Mnuchin, secretário de Tesouro dos EUA.
A nova embaixada está no bairro de Arnona, em Jerusalém Ocidental, num prédio construído em 2010. Parte do terreno era considerada, até a Guerra dos Seis Dias (1967), terra de ninguém.
Em uma primeira fase, a embaixada ficará dentro da seção de vistos do consulado-geral dos EUA em Jerusalém. O imóvel sofreu adaptações para receber o embaixador David Friedman e sua equipe. Em até um ano, um novo anexo será construído para ampliar o espaço da embaixada. O objetivo é construir uma sede própria para a representação diplomática em até dez anos.
Na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza, confrontos deixaram mais de 40 mortos. Milhares de palestinos se reuniram nesta segunda em diversos pontos próximos à fronteira e pequenos grupos se aproximaram da cerca de segurança vigiada por soldados israelenses. Os grupos tentaram avançar contra a barreira e lançaram pedras na direção dos soldados, que responderam com tiros.
Após os confrontos, o Exército de Israel anunciou que lançou bombardeios contra alvos do Hamas, o movimento islâmico palestino que governa a Faixa de Gaza. \”Os aviões atacaram os postos militares do Hamas perto de Jabalia, depois que as tropas receberam disparos vindos do norte da Faixa. Nenhum soldado ficou ferido\”, indicou o exército em comunicado.
A Autoridade Palestina acusou Israel de cometer um \”massacre horrível\” na fronteira. A Anistia Internacional pediu a Israel o fim da \”abominável violação\” dos direitos humanos na Faixa de Gaza. A OLP (Organização para a Libertação da Palestina) anunciou uma greve geral nos territórios palestinos para esta terça, em luto pelo \”martírio\” na Faixa de Gaza.
A União Europeia pediu \”máxima moderação\” depois das mortes em Gaza.
A decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel e de transferir a representação diplomática de Tel Aviv para essa cidade é muito polêmica e foi criticada pela União Europeia e por países árabes porque rompe com o consenso internacional de não reconhecer a cidade como capital da Palestina ou de Israel até que um acordo de paz seja firmado entre as duas partes.
A liderança da Autoridade Palestina se recusa a conversar com os representantes do governo Trump desde o anúncio da transferência da embaixada, nem sequer com o genro do presidente, Jared Kushner, que havia sido designado para estimular o processo de paz.
Nesta segunda, o governo do Reino Unido ressaltou seu desacordo em relação à transferência da embaixada americana e deixou claro que a delegação britânica continuará em Tel Aviv. A Rússia expressou o temor de que a tensão aumente em toda a região do Oriente Médio. O Irã condenou a mudança da embaixada e advertiu que esta medida só fortalecerá \”a determinação da nação palestina oprimida para resistir à ocupação\” de Israel.
No conflito entre Israel e palestinos, o status diplomático de Jerusalém, cidade que abriga locais sagrados para judeus, cristãos e muçulmanos, é uma das questões mais polêmicas e ponto crucial nas negociações de paz.
Israel considera Jerusalém sua capital eterna e indivisível. Mas os palestinos reivindicam parte da cidade (Jerusalém Oriental) como capital de seu futuro Estado.
Apesar de apelos por parte de líderes árabes e europeus, e de advertências que a decisão poderia desencadear uma onda de protestos e violência, Trump resolveu adotar uma nova abordagem sobre o tema, considerando que mesmo com a postura anterior dos EUA, a paz na região até hoje não foi atingida.
Atualmente, a maioria dos países mantém suas embaixadas em Tel Aviv, justamente pela falta de consenso na comunidade internacional sobre o status de Jerusalém. A posição da maior parte da comunidade internacional é a de que o status de Jerusalém deve ser decidido em negociações de paz.