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18 de abril de 2024O filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Bernardo Cerveró, ouviu do ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (PT-MS) a frase: “Dilma vai agir”. Para ele, o comentário soou como um “blefe” do parlamentar, preso no mês passado acusado de tentar obstruir a Operação Lava-Jato.
“Dilma vai agir, não sei se por filantropia ou porque a água chegou no pescoço”, teria dito Delcídio, segundo depoimento de Bernardo prestado à Procuradoria-Geral da República em 19 de novembro. Ele descreveu os encontros com o então líder do governo nos quais se discutia uma estratégia para tentar livrar seu pai da cadeia. Ele gravou uma das reuniões com Delcídio em um hotel em Brasília, ocorrida no dia 4 de novembro. Nessa reunião, o senador disse ao filho de Cerveró que iria conversar com ministros do Supremo Tribunal Federal, insinuando que poderia ter influência sobre integrantes da Corte.
Seis dias depois do depoimento de Bernardo, o STF mandou prender Delcídio, sob suspeita de tentar barrar a Lava-Jato e tramar a fuga de Nestor Cerveró, plano que teria ajuda financeira do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, que também foi detido.
À Procuradoria-Geral, Bernardo contou ter recebido R$ 50 mil em dinheiro vivo em um escritório de advocacia no Rio, valor que teria sido enviado por Delcídio. Ele citou o advogado Edson Ribeiro, ex-defensor de seu pai, preso também por ordem do Supremo.
Para Bernardo, “95% dos comentários sobre movimentação política eram blefes, mas 5% podiam ser reais”. “A impressão do depoente de que nem toda promessa do senador era falsa se devia ao fato de que o senador efetivamente estava envolvido em atos de corrupção na Petrobrás e tinha interesse em evitar que Nestor Cerveró e Fernando Baiano (lobista e delator na Lava-Jato) dissessem o que sabiam à Polícia e ao Ministério Público.”
Delcídio, segundo Bernardo, também teria sugerido que ele buscasse ajuda com os senadores do PMDB Renan Calheiros (AL) e Edison Lobão (MA), porque Nestor Cerveró teria “trabalhado com essas pessoas”.
Renan e a Presidência da República não comentaram o caso. O criminalista Carlos Alberto de Almeida Castro, o Kakay, que defende Lobão, afirmou: “Se Edison tivesse todo esse prestígio para salvar alguém, ele não seria alvo de quatro inquéritos no Supremo”.