O dólar comercial abriu o dia em queda de 0,12%, negociado a R$ 1,61 no mercado interbancário de câmbio, mas, às 10h08, a divisa subia 0,06% e era negociada a R$ 1,631.No pregão de sexta-feira, a moeda americana recuou 1,10% e foi cotada a R$ 1,612 no fechamento. Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o dólar à vista abriu em queda de 0,32%, a R$ 1,606.
O mercado brasileiro de câmbio começa a semana sob a expectativa de medidas do governo para conter a queda do dólar ante o real. Uma fonte do Ministério da Fazenda ouvida na sexta-feira informou que o ministro Guido Mantega e o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, teriam uma reunião hoje para avaliar a situação. O encontro pode resultar em mais um arsenal de ações para conter a apreciação da moeda brasileira.
O operador de um banco local diz que a expectativa por novas medidas é reforçada em função do encontro de Mantega e Tombini, o que pode segurar a cotação do dólar na abertura. No entanto, segundo ele, “se nada se concretizar, a tendência continuará sendo de queda”.
Na Europa, cresce o sentimento de que o Banco Central Europeu (BCE) vai elevar a taxa de juros em breve, como forma de combater a aceleração de preços. “Esse quadro de possíveis apertos monetários nas grandes economias, como Europa e Estados Unidos, pode jogar a favor do governo brasileiro, diminuindo um pouco a pressão sobre o dólar”, comentou o operador. Na semana passada, a moeda norte-americana acumulou queda de 2,83% em relação ao real. Apesar desse cenário, o mercado continua apostando que o dólar fechará o ano em R$ 1,70, como mostrou o boletim Focus, divulgado hoje.
Para os estrategistas do Standard Chartered, Mike Moran e Douglas Smith, o rompimento do nível de R$ 1,64 para o dólar no dia 30 de março é significativo, tanto do ponto de vista técnico como de políticas, uma vez que representa a aceitação oficial de um real mais valorizado. Os estrategistas revisaram de R$ 1,70 para R$ 1,58 a previsão para o dólar no fim do segundo trimestre deste ano. Para o terceiro trimestre, o dólar foi revisado de R$ 1,72 para R$ 1,60 e, para o fim do quarto trimestre, de R$ 1,70 para R$ 1,62.
Como o BC e a Fazenda não tomaram medidas mais contundentes até o momento, alguns agentes do mercado de câmbio acreditam que o governo esteja admitindo um dólar mais baixo como forma de ajudar no controle da inflação. No entanto, segundo a fonte que revelou a reunião entre Mantega e Tombini hoje, não passam de “ruídos” as informações de que o governo teria desistido de combater a enxurrada de dólares que entra no País. Entre as alternativas citadas para minimizar a pressão sobre a divisa dos EUA está uma nova rodada de alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para o mercado financeiro e novas medidas restritivas ao capital externo.
A partir de hoje, passam a vigorar os limites de posições “vendidas” dos bancos definidos pelo BC. Pela norma, os bancos deverão recolher ao BC, sob a forma de depósito compulsório, 60% sobre o valor da posição de câmbio vendida que exceder o menor dos seguintes valores: US$ 3 bilhões ou o patrimônio de referência (PR). Esse depósito compulsório será recolhido em espécie e não será remunerado. A medida, segundo o BC, visa melhorar o funcionamento do mercado de câmbio à vista e reduzir as posições vendidas do sistema, que em dezembro de 2010 alcançavam um valor de US$ 16,8 bilhões. Em março, até o dia 23, a posição vendida em dólar dos bancos estava em US$ 7,303 bilhões.