O presidente da Alemanha, Joachim Gauck, desembarcará hoje no Brasil, em São Paulo, para participar, junto com a presidente Dilma Rousseff, da maior reunião empresarial entre os dois países. Para o governo e o setor industrial brasileiro, o encontro, que vai durar dois dias, promete ser bastante promissor como oportunidade de novos investimentos. Um levantamento exclusivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que as empresas alemãs vão investir, até 2015, R$ 13 bilhões em projetos industriais, o que representa 7% do total de investimentos da indústria, com exceção de petróleo e mineração. Há, portanto, espaço para ampliar a participação dos alemães no país, especialmente nas áreas de química, equipamentos e tecnologia.
O Brasil também quer melhorar o perfil das exportações para o mercado alemão, com o qual é deficitário. Somente no ano passado, a balança comercial entre os dois países teve um saldo negativo de US$ 7 bilhões contra o Brasil, que compra, principalmente, manufaturados. Na virada do milênio, 79% da pauta de exportações brasileiras eram de industrializados e apenas 19% de básicos. A proporção de manufaturados foi caindo progressivamente de lá para cá. Em março deste ano, o Brasil exportou 59% de produtos básicos e 40% de industrializados.
Alemães têm € 27 bi investidos aqui
Segundo o embaixador da Alemanha no Brasil, Wilfried Grolig, o estoque de investimentos diretos no país totalizam cerca de € 27 bilhões, valor que significa 45% do total investido na América Latina. Ele destacou que, diante desses números, São Paulo é hoje o maior polo industrial fora da Alemanha.
Grolig citou, ainda, dados do Escritório Federal de Estatísticas daquele país que mostram que, em 2012, foram importados menos produtos brasileiros em relação a 2011. Houve uma queda de 5,7%, enquanto as exportações para o mercado brasileiro subiram 4,7%. Na comparação 2011/2010, as vendas brasileiras para a Alemanha cresceram 18,6%, enquanto as importações cresceram 7,5%.
— Essas oscilações são normais. Porém, independentemente das direções não afetam de forma drástica o comércio bilateral. No ranking dos parceiros comerciais da Alemanha, o Brasil ficou, em 2011 e 2012, em 20º lugar nas exportações e na 21ª posição nas importações. Esses dados mostram como o Brasil é um grande parceiro — disse o diplomata.
De acordo com o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi, a presença do setor privado alemão no Brasil é importante para alavancar a inovação. Abijaodi acrescentou que, ao todo, existem 1.400 empresas germânicas no Brasil, que empregam 250 mil funcionários. Elas representam 10% do PIB industrial do país.
— Queremos investimentos que garantam o acesso das empresas e da população à tecnologia. Isso só aumenta a geração de empregos e a competitividade — enfatizou Abijaodi.
— Os alemães são investidores tradicionais e, o mais importante, é um tipo de investimento que traz tecnologia, um investimento em produção — reforçou Soraya Rosar, gerente executiva de Negociações Internacionais da CNI.
Se depender das empresas alemãs, esse cenário tende a continuar por muito tempo. Segundo o presidente da Basf para a América do Sul, Alfred Hackenberger, na última década o grupo investiu no Brasil, só em pesquisa e desenvolvimento, cerca de € 500 milhões.
— Nossos investimentos na região estão crescendo, já que os países emergentes são países-chave para a Basf.