CVM vai investigar operações da Positivo

Em meio aos ruidosos rumores de venda, a Positivo Informática entrou na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A companhia possui dois novos procedimentos de investigação na autarquia, responsável pela fiscalização do mercado de capitais brasileiro: um por supostas irregularidades e outro referente ao balanço trimestral.

A CVM não dá detalhes sobre os casos e diz que a existência da investigação não significa necessariamente que haverá a abertura de um processo administrativo contra a empresa. A autarquia questionou a Positivo por três vezes nesta semana a respeito das supostas negociações de venda. Na sexta-feira, a empresa respondeu que sempre considerou propostas de interessados em qualquer tipo de associação, mas negou que exista uma proposta formalizada.

Além do órgão regulador, a companhia enfrenta problemas internos para viabilizar um possível negócio, mais precisamente no estatuto, que possui a chamada \”poison pill\” (pílula de veneno), cláusula que dificulta aquisições de empresas listadas em bolsa. De acordo com o documento, qualquer acionista que adquirir uma posição acima de 10% do capital terá de realizar uma oferta de aquisição de todos os papéis, pelo valor mínimo equivalente à maior cotação em bolsa nos últimos 24 meses, ou R$ 47. O valor, porém, é considerado fora da realidade para o cenário atual. Para se ter uma idéia, antes dos boatos sobre a venda ganharem força, as ações da Positivo valiam apenas R$ 4,75 na bolsa.

O desafio, portanto, está em encontrar um preço considerado adequado pela empresa e driblar a poison pill para viabilizar a operação. A Lenovo seria a potencial interessada na maior fabricante brasileira de computadores. A empresa chinesa confirmou que procura fazer aquisições, mas não mencionou a Positivo.

Com a possibilidade de que o negócio, se ocorrer, leve tempo para ser efetivado, as ações da Positivo registraram queda de 11,51% no pregão de sexta-feira da bolsa. Mesmo assim, acumularam valorização de 90% na semana.