A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) desistiu de obrigar as empresas com ação em Bolsa a abrirem os salários pagos aos seus principais executivos. Por outro lado, elas terão de revelar os valores dos maiores e dos menores salários, sem especificar o nome do profissional.
Também terão de detalhar a política de remuneração, como os percentuais de salário fixo e bônus. A mudança consta das novas regras de apresentação de dados anuais das companhias, que priorizam detalhamento de informações qualitativas sobre assuntos polêmicos como transações entre unidades dentro de um mesmo grupo e até parentesco de executivos.
A proposta de divulgar os salários foi bombardeada pelas empresas, sob argumento de colocar em risco a segurança dos executivos. “Foi o passo cabível e desejável para este momento. Sai de uma informação muito parca para uma detalhada”, afirmou Luciana Dias, superintendente de Desenvolvimento de Mercado da CVM.
Para Ricardo Fontes, professor de finanças do Insper, mais do que propiciar aos acionistas tomarem conhecimento de eventuais abusos, a discussão sobre remuneração revela como a empresa incentiva seus funcionários a tomarem risco. “Se tivesse isso no ano passado, talvez não teríamos os problemas com derivativos. Teriam visto o bônus do executivo financeiro e ficaria claro o risco assumido pela empresa.”