A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) arquivou nesta terça-feira um processo movido contra o banco Original, controlado pela J&F, empresa que reúne os negócios de Joesley e Wesley Batista. A ação investigava se o banco operou no mercado de derivativos financeiros com uso de informação privilegiada.
As informações estão em comunicado da CVM divulgado nesta terça-feira à imprensa, com atualização dos 13 processos e inquéritos abertos pelo órgão regulador do mercado de capitais após a divulgação de que os irmãos Batista fecharem acordo de delação premiada.
O processo contra o banco Original foi aberto em 19 de maio pela CVM. De acordo com o órgão, não há indícios de que o banco operou no mercado com conhecimento prévio da delação.
\”Após análises realizadas pela Gerência de Acompanhamento de Mercado 2 – GMA-2/SMI, bem como após ampla apuração dos fatos específicos, o que incluiu detida análise das operações e das posições detidas pelo Banco Original nos dias que antecederam a Divulgação do Acordo de Colaboração Premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, não foram identificados indícios suficientes de que o Banco Original tenha operado com conhecimento prévio dos fatos, ou seja, que tenha tido acesso a informações privilegiadas e, a partir delas, auferido ganhos. Por este motivo, o processo administrativo em questão foi arquivado em 17/10/2017\”, explicou a CVM.
O Banco Original é um dos negócios dos irmãos Batista, que também são donos do frigorífico JBS. Todos os negócios da família estão reunidos na holding J&F.
A JBS e os irmãos Batista são acusados de obter vantagens em operação no mercado de derivativos cambiais e ações usando informações privilegiadas. A notícia de que os irmãos fecharam delação premiada mexeu com a cotação do dólar e com a bolsa de valores. Como tinham a informação, eles são suspeitos de terem atuado no mercado às vésperas da divulgação dos fatos para obter vantagens financeiras.
A CVM encaminhou o caso ao Ministério Público Federal, que denunciou Joesley e Wesley Batista. Nesta segunda-feira, a Justiça Federal de São Paulo aceitou a denúncia contra os empresários por uso de informações privilegiadas e manipulação de mercado por meio das empresas JBS e FB Participações (empresa que reúne os negócios da família Batista). Com isso, os dois se tornam réus.
Os irmãos estão presos desde setembro. Segundo a investigação, eles se beneficiaram de informações relacionadas ao acordo de colaboração premiada firmado com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para obter lucro no mercado financeiro.
Por meio de nota, a defesa de Joesley e Wesley Batista informou na segunda-feira que \”confia na Justiça e voltará a apresentar relatórios técnicos que demonstram a normalidade de todas as operações financeiras efetuadas, que afastam por completo qualquer dúvida sobre a licitude de sua conduta.\”