Embora a redução da taxa Selic, promovida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), tenha ficado dentro do consenso da maioria dos analistas, o movimento dos investidores ontem foi dedicado ao realinhamento de preços, principalmente, no mercado de renda fixa.
Na BM&FBovespa, as projeções embutidas nos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) de curto prazo se ajustaram para baixo, refletindo a expectativa de novas reduções da Selic nos próximos meses. Já nos contratos mais longos a queda foi menos intensa. O DI com vencimento em abril deste ano apontou juro anual de 11,15%, ante 11,24% ao ano, com 672,1 mil negócios e giro de R$ 66,8 bilhões. Janeiro de 2012 registrou taxa de 10,64%,ante 10,63% da véspera.
O colegiado do Banco Central (BC) ratificou a expectativa da ala majoritária do mercado e cortou a Selic em 1,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano. A economista-chefe da Arkhe DTVM, Inês Filipa, disse que a rapidez da reunião e a unanimidade na votação mostrou um BC atento e respondendo ao forte desaquecimento da atividade, comprovado pelos últimos indicadores de produção e Produto Interno Bruto (PIB). Ela ressalta ainda que o comentário após reunião deixa em aberto os próximos passos da política monetária e os cortes nos juros daqui para frente podem ser menores, uma vez que a cada decisão diminui a margem de manobra de redução dos juros pelo BC.
Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, o movimento de cortes nos juros deve ter continuidade esse semestre, com crescente possibilidade da taxa cair abaixo de 10% ao ano, o que implicaria pelo menos mais 150 pontos básicos de redução nas próximas reuniões. “Dados fracos de atividade econômica justificaram a decisão”, ressalta. O mercado de câmbio acompanhou o clima ameno das bolsas internacionais – em meio às perspectivas de uma possível estabilização da economia e do setor bancário – fechando em queda de 1,87%, a R$ 2,304 na compra e R$ 2,306 na venda.
O economista do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, avalia que o câmbio deve seguir atrelado às movimentações das praças externas. “A tendência é de que com o quadro externo mais calmo, o dólar rompa a barreira psicológica de R$ 2,30, atingindo o nível de R$ 2,20 no segundo semestre, passada a fase aguda da crise, com a esperança de uma eventual estabilização da economia norte-americana. “, diz.