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18 de abril de 2024Aparentemente de forma deliberada, o Banco Central não se coloca à frente da curva futura de juros. A obtenção de um CDI futuro descolado da Selic pode ter sido um efeito desejado das revelações enxertadas na ata do Copom. O documento traça um quadro surpreendentemente fiel dos impactos sobre o Brasil dos rigores contracionsitas externos. E, de propósito, pode ter forçado reduções adicionais dos juros privados que servem como referência ao custo do crédito. Ou seja, a segunda reunião do ano do Copom foi feita em suas etapas. No primeiro tempo, jogado no dia 11, ele cortou a Selic de 12,75% para 11,25%, o suficiente para reduzir a taxa do swap de 360 dias de 10% para 9,95%. O segundo tempo aconteceu na quinta-feira passada, com a publicação da ata relativa à mesma reunião. E o swap caiu a 9,74%. O juro real para 12 meses, em 5,31% antes do Copom, recuou a 5,18% na sexta-feira.
O BC parece querer induzir quedas maiores aos juros futuros sob o argumento de que não pode acelerar a velocidade de baixa da Selic por causa dos impedimentos derivados do “arcabouço institucional”, como o rendimento da caderneta de poupança vis-a-vis à renda fixa, as metas atuariais dos fundos de pensão e os passivos estaduais. Enquanto essas questões estão sendo resolvidas em outras esferas, o BC prossegue no trabalho de redução dos juros futuros. É nesse sentido que a divulgação hoje cedo do Boletim Focus está sendo aguardada com ansiedade. Não se sabe se as cem instituições pesquisadas dispuseram de tempo para rever seus prognósticos de IPCA, sobretudo para este ano, à luz da exortação feita na última ata do Copom. Um trecho específico do documento colocou pressão sobre as expectativas das instituições. Praticamente depositou nelas a responsabilidade pelos próximos passos da política monetária.
O parágrafo foi o seguinte: “Em particular, as expectativas de inflação para 2009 permanecem em patamares superiores à meta, embora tenham recuado desde a última reunião do Copom, e continuam sendo monitoradas com particular atenção”. Note-se que o redator usou a palavra “particular”, no sentido de especial, duas vezes no mesmo trecho. A última estimativa de IPCA acumulado em 2009 estava em 4,52% e o prognóstico para 2010 permanecia pela 41ª semana consecutiva preguiçosamente estacionado em 4,50%. No Focus que sai hoje, depois que a ata confessou que pelos modelos matemáticos de projeção do IPCA utilizados pelo BC a inflação já está abaixo do centro da meta de 4,5% para este e o próximo ano, espera-se que em ambos os casos finalmente as instituições concordem com a autoridade. Mais um incentivo para a Selic cair 1,5 ponto no Copom do dia 29 de abril, de 11,25% para 9,75%.
O fato é que o Focus vem sendo mais conservador do que o próprio BC em matéria de expectativa de inflação. Embora toda a ata coloque o combate à inflação no seu devido lugar – na enésima prioridade, depois de tudo – o BC consegue, mesmo sendo mais otimista que o Focus, fazer projeções megacautelosas em relação aos preços administrados. O IPCA estimado pelo BC está a abaixo da meta de inflação apesar da alta dos preços administrados estar prevista em 5,5% este ano e em 4,8% em 2010. Muito exagerados. Mesmo assim o prognóstico do Focus está mais carregado ainda, ou seja, mais errado ainda. Como o pregão de DI futuro da BM&F não cultiva os preciosismos ultraortodoxos da mediana dos analistas consultados pelo Focus – o foco do DI é ganhar dinheiro, não acertar previsões -, a curva futura de juros mostra-se de novo à frente tanto das decisões formais de política monetária quanto do Focus. E, depois da ata, autorizadamente à frente. Os players se sentiram estimulados a derrubar as projeções depois que leram trechos da ata como este: “O Comitê entende que o desaquecimento da demanda, motivado pelo aperto das condições financeiras, pela deterioração da confiança dos agentes, e pela contração da atividade econômica global, criou importante margem de ociosidade dos fatores de produção. Esse desenvolvimento deve contribuir para conter as pressões inflacionárias, mesmo diante das consequências do processo de ajuste do balanço de pagamentos e da presença de realimentação inflacionária na economia”.
As taxas persistem em queda independentemente do que aconteça lá fora. Na sexta-feira, mesmo Wall Street tendo desistido da alucinação especulativa suscitada por um suposto temor de retorno inflacionário decorrente da impressão de dinheiro por parte do Federal Reserve (Fed) – o que fez com que o dólar fechasse no mercado doméstico com valorização de 0,66%, cotado a R$ 2,2640 -, os juros caíram na BM&F. A taxa para a virada do ano recuou de 9,77% para 9,68%.