Sem ter suas marcas envolvidas até agora nos episódios de adulteração de leite, as cooperativas que industrializam o produto acabaram fortalecendo a presença no mercado gaúcho, na avaliação de dirigentes de entidades do setor. Opção de parte dos consumidores receosos em consumir a bebida após a descoberta das fraudes, os rótulos processados em unidades da Cosuel, Santa Clara, Piá, Languiru, Cosulat e CCGL, de acordo com Vergilio Perius, presidente da Organização das Cooperativas do Estado (Ocergs), ganharam força nas prateleiras dos supermercados gaúchos.
— Todas as cooperativas têm seus sistemas próprios de transporte. O leite é rastreado da propriedade até a entrada na plataforma industrial — assegura Perius.
Dos 10 milhões de litros de leite produzidos diariamente no Rio Grande do Sul, pelo menos a metade é processada em cooperativas.
— A nossa imagem até ficou fortalecida diante desses fatos. Mas não queremos vender mais em cima de fraude — completa Perius.
Superintendente do Ministério da Agricultura no Estado, Francisco Signor discorda da opinião de que os problemas do setor estejam centralizados somente nos transportadores de leite:
— Tem mais gente que sabe como fraudar o leite, além dos atravessadores. É preciso separar o joio do trigo para não cometer injustiças com pessoas honestas que trabalham no setor.
Conforme o representante do ministério no Rio Grande do Sul, é inviável estabelecer uma regra para que as empresas coletem 100% do leite com caminhões próprios.
— Todos têm direito a relação comercial. Não seria possível fazer concessões ao transporte de leite — afirma Signor, acrescentando que não houve redução consumo de leite no Estado após as descobertas de fraudes no setor.