Para os pequenos e médios negócios, as variações da cotação do dólar têm
impacto maior nas contas da empresa. Qualquer pequena oscilação faz
grande diferença nos custos de negócios desse porte, em especial nos
casos de importadores e exportadores. Por isso, os empreendedores devem
prestar especial atenção ao comportamento da moeda americana nesta
semana e rever, se necessário, seu planejamento. É possível aproveitar o
dólar barato, por exemplo, para comprar equipamentos importados que
melhorem a produtividade da empresa, indicam especialistas.
Depois de o dólar fechar a terça-feira, 26, cotado a R$ 1,536, no
menor patamar desde janeiro de 1999, o governo editou medidas para
tentar punir quem aposta na queda do dólar, explicou o Ministro da
Fazenda, Guido Mantega. O mercado respondeu. A moeda teve alta de 1,5%, e
fechou o dia cotada a R$ 1,559. Mas não convém se iludir. Alguns dos
fatores que pressionam a cotação do dólar para baixo se mantêm
inalterados. A entrada de investimentos estrangeiros diretos segue
batendo recordes, a balança comercial permanece positiva e os altos
juros que atraem capital especulativo não devem ser reduzidos em breve.
“Por isso, o empresário pode imaginar que a cotação da moeda não vá
subir muito. Apenas deve deixar de cair”, analisa José Carlos Luxo,
professor do Programa de Capacitação da Empresa em Desenvolvimento
(Proced), da FIA.
Diante dessa perspectiva, há algumas decisões que o empresário pode tomar para melhorar o desempenho do seu negócio:
Investimentos. O dólar baixo favorece a compra de
máquinas e equipamentos importados, que podem ajudar a empresa a
aumentar sua produtividade. Comprar máquinas que acelerem a produção,
reduzam custos ou permitam inovações é um dos investimentos mais
indicados para pequenas e médias empresas no momento.
Importados. Indústrias que utilizam matérias-primas
importadas em sua produção ou empresas de bens e serviços que
comercializam produtos estrangeiros devem aproveitar o momento para
reforçar seus estoques. “O governo não deve permitir que a cotação fique
ainda mais baixa do que está”, indica Luxo. “Por isso, quem fizer
compras agora se beneficiará de uma boa cotação.”
Vendas externas. É tempo de os exportadores
repensarem sua estratégia. Os mercados europeu e americano não dão
sinais de que sairão da crise tão cedo. Em contrapartida, o Brasil tem
atraído investimentos do mundo todo justamente porque comprova que pode
crescer de forma sustentável pelos próximos cinco anos. Por isso, a
recomendação é apostar no mercado interno para não se tornar refém da
crise externa e da desvalorização do dólar. “As pequenas empresas
exportadoras que não tiverem um produto inovador terão sérias
dificuldades de manter as vendas daqui em diante”, avisa Luxo.