A queda na atividade em dezembro, mais forte e mais abrangente que a esperada, levou o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE) a fazer duras críticas à política monetária conduzida pelo Banco Central (BC). Ele defendeu um corte relevante na taxa básica de juros Selic – atualmente em 12,75% ao ano – para que ela baixe a um dígito ainda no primeiro semestre.
Na avaliação de Monteiro Neto, o BC \”sempre entra atrasado na música\”. Ele criticou a frequência (45 dias) das reuniões do Comitê de Política Monetária. A decisão de reduzir a Selic teria de ser tomada em fevereiro porque a inflação está controlada e a atividade caiu muito. \”A crise começou lá fora, mas o atraso do BC pode resultar em queda mais forte da atividade\”, diz.
O que importa agora, para presidente da CNI, é evitar o agravamento do custo social da crise, com o desemprego prejudicando a vida das pessoas e das empresas. Isso significa evitar o ciclo do desemprego impondo as quedas sequenciais da renda, do consumo e da produção. Na comparação da reação de outros países durante a crise, Monteiro Neto concluiu que o Brasil está muito lento porque, aqui, \”o BC dança em ritmo diferente da economia\”. Ele defendeu, enfaticamente, um movimento mais ágil de redução dos juros.
Reduzir a Selic não basta. Para a CNI, os bancos também têm de baixar seus spreads (diferença entre o que pagam pela captação dos recursos e o que cobram dos tomadores do crédito). Essa agenda, segundo o presidente da entidade, envolve um complexo conjunto de medidas. As principais são mudança das expectativas de inadimplência (cadastro positivo), posição mais firme dos bancos públicos para enfrentar a grande concentração bancária, redução da tributação das operações financeiras, redução dos compulsórios e maior rapidez na execução das garantias nos financiamentos.
Além da crítica à política monetária a CNI reivindica mais apoio às exportações. Os números de janeiro da balança comercial mostraram forte queda das vendas de manufaturados. Monteiro Neto ressaltou que a indústria precisa de um ajuste no lado das exportações e não barreiras às importações. Defendeu a desoneração das vendas externas com o fim do acúmulo de créditos tributários, desburocratização e mais financiamento.
Outro pedido da CNI é a rápida definição do pacote habitacional porque, segundo Monteiro Neto, essas medidas vão demandar bens e insumos nacionais. \”A tempestividade das medidas de apoio à economia é importante, mas elas também têm de estar no sentido correto. Não adianta hiperatividade do governo sem eficácia e sem resultados\”, avaliou.
Para a entidade, o primeiro trimestre deste ano não deverá ter o mesmo \”tombo\” verificado no fim de 2008, mas a CNI ainda espera desaceleração.