O mercado de câmbio registrou um superávit de US$ 841 milhões em fevereiro, o primeiro desde que o Brasil foi atingido pela crise financeira mundial, em setembro do ano passado.
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Mário Torós, diz que os números mostram sinais de recuperação no mercado de câmbio, sobretudo no segmento de comércio exterior.
Segundo ele, os volumes de operação de Adiantamento sobre Contratos de Câmbio (ACC) estão aumentando, apesar de o Banco Central ter reduzido a frequência e os volumes ofertados nos leilões de empréstimo em moeda estrangeira para financiar o comércio exterior.
“Se os ACCs estão aumentando com menos ajuda do BC, é porque o mercado está retomando a normalidade”, disse. Em fevereiro, a média diária dos contratos de ACC foi de US$ 146 milhões, alta de 28% em relação aos números de janeiro.
Torós lembrou que, nos piores momentos da crise, o BC chegou a fornecer cerca de 80% dos dólares que lastreavam os ACCs. “Hoje, esse percentual é bem menor e está em queda”, afirmou. Segundo o diretor do BC, não apenas os números, mas também as informações colhidas no mercado financeiro indicam que a situação melhorou.
“Além dos volumes, também estamos observando a normalização dos prazos das linhas de financiamento, o que é muito importando”, disse Torós. Ele ponderou, porém, que, embora o mercado esteja melhorando, ainda não voltou completamente ao normal.
“O BC continuará a fazer leilões de moeda estrangeira enquanto os mercado estiverem disfuncionais”, afirmou. O superávit no mercado de câmbio em fevereiro é formado por duas partes.
De um lado, foi registrado um superávit de US$ 2,871 bilhões no segmento comercial, resultado de vendas de US$ 10,482 bilhões pelos exportadores e compras de US$ 7,611 bilhões pelos importadores.
De outro lado, foi registrado um déficit de US$ 2,030 bilhões no segmento financeiro. É o menor resultado negativo desde abril do ano passado.
No segmento financeiro, são registrados os ingresso e saídas de capitais, como empréstimos e investimentos, e os pagamentos de serviços e rendas, como juros da dívida externa, remessas de lucros e dividendos e gastos dos turistas no exterior. No financeiro, os ingressos somaram US$ 16,382 bilhões em fevereiro, e as saídas, US$ 18,412 bilhões.