As bolsas europeias sucumbiram ontem às incertezas vindas da Irlanda. O principal índice europeu fechou em baixa de 2,34%. A queda se arrastou por outras bolsas do Velho Continente: Dublin caiu 1,44%; Londres baixou 2,38%; Frankfurt desacelerou 1,87% e Paris retrocedeu 2,63%.
Os ministros de Finanças europeus trabalham em um pacote de ajuda para a Irlanda que poderia atingir 100 bilhões de euros (US$ 135 bilhões), incluindo crédito da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e um empréstimo bilateral do Reino Unido, disseram pessoas próximas ao assunto. A Irlanda é um grande parceiro comercial do Reino Unido e onde os bancos britânicos têm elevada exposição ao país. França e Alemanha se disseram prontas a ajudar a Irlanda, mas ressaltaram que o governo irlandês é que precisa definir se precisa de auxílio e de qual tipo.
O primeiro-ministro da Irlanda, Brian Cowen, afirmou que está preparado para trabalhar com seus pares europeus “para normalizar as condições do mercado”, mas reiterou que a Irlanda não pediu ajuda financeira. Ao mesmo tempo, um porta-voz do FMI recusou-se a comentar sobre os rumores de que autoridades da UE estão negociando um pacote de auxílio para a Irlanda.
Alguns membros da zona do euro estão pressionando para que seja fechado um acordo no encontro de ministros das finanças que ocorre em Bruxelas hoje e amanhã. Os ministros elaboram um programa de ajuda para estabilizar os bancos irlandeses e as contas públicas e outro programa separado somente para estabilizar os bancos.
O pacote de ajuda aos bancos irlandeses poderia variar entre 45 bilhões de euros e 50 bilhões de euros, enquanto o pacote mais amplo envolveria recursos de 80 bilhões de euros a 100 bilhões de euros, disse uma autoridade próxima as negociações. Em qualquer um dos pacotes, o FMI contribuiria com até metade dos recursos e a União Europeia e o Reino Unido com a outra metade.
“Nós estamos preparados para trabalhar com nossos parceiros na zona do euro para ver como podemos normalizar as condições do mercado”, disse Cowen no Parlamento irlandês, acrescentando: “nós não pedimos qualquer assistência”. “O que nós estamos fazendo agora é ter certeza que, em relação à nossa própria situação, está entendido que estamos financiados até meados de 2011”, afirmou o primeiro-ministro irlandês.
Os representantes da zona do euro estariam pressionando o Reino Unido para participar da ajuda, porque os bancos ingleses seriam os maiores beneficiados de um eventual resgate da Irlanda. As atuais obrigações do Reino Unido no FMI e na Comissão Europeia significam que o país será de qualquer forma obrigado a participar de qualquer eventual ajuda à Irlanda, mesmo sem realizar um empréstimo bilateral ao país. O Reino Unido contribui em cerca de 5% com os fundos do FMI e em 13,6% com a linha de empréstimo da Comissão Europeia. O Reino Unido foi criticado por alguns países na UE por recusar-se a tomar parte na principal linha de crédito emergencial da zona do euro, a Linha de Estabilidade Financeira Europeia.
Ontem, Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, disse que a União Europeia enfrenta uma crise de sobrevivência por conta dos déficits na zona do euro. Em discurso pouco antes da reunião, em Bruxelas, de ministros das Finanças do bloco, Rompuy disse que, se o euro fracassar, a UE também fracassará.
Mais cedo, Jean-Claude Juncker, ministros de Finanças da zona do euro, disse que a União Europeia poderia fornecer suporte financeiro para bancos da Irlanda, em vez de ajudar o governo do país, se optar por essa alternativa.